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2005-07-01
Por Vanderley Porfírio-da-Silva, Pesquisador da Embrapa Florestas, em Colombo(PR)
Sistemas e/ou técnicas de manejo que incluam como prática o uso de árvores em consórcio e/ou associação com cultivos agrícolas e/ou criação animal, devem ser pensados prioritariamente em termos de integração das atividades na propriedade rural. Genericamente denominados de sistemas agroflorestais (SAF’s), estes são apontados como opções preferenciais de uso das terras pelo alto potencial que oferecem para aumentar o nível de rendimento em relação a aspectos agronômicos, sociais, econômicos e ecológicos. Esses sistemas mostram o grau de integração mais íntimo entre as atividades florestais e agropecuárias.

Os sistemas agroflorestais representam uma proposta integrada do uso das terras, implicando no entrelaçamento de fatores ecológicos, sociais e econômicos, de modo que, a estabilidade, a sustentabilidade e eqüidade na produção possam ser alcançadas.

Em regiões tidas como desenvolvidas, os SAF’s tendem a oferecer alternativas às questões ecológicas, econômicas e sociais. Como é o caso da região Sul do Brasil, a qual retrata um quadro bastante similar ao vivido por alguns países ditos desenvolvidos, onde agricultura e recursos naturais estão sob crescente pressão para a implementação de práticas que promovam o bom uso da terra, e/ou sejam ambientalmente sadias.

Experiências sobre SAFs no Estado do Paraná são relatadas na literatura técnico-científica desde a década de 1980, embora uma das formas mais antigas e singulares de sistemas agroflorestais no Paraná sejam os Faxinais, que teriam se iniciado na primeira metade do século XIX.

Sistemas agroflorestais dependem de diagnóstico apropriado das restrições e necessidades, de desenho adequado do projeto e da incorporação de autoridades locais aos grupos de produtores afetados, considerando o conhecimento e percepção da população local, ou seja, os fatores sócio-culturais que influem no uso da terra e no manejo de árvores.

Programas agroflorestais não devem basear-se na introdução pura e simples de pacotes tecnológicos padronizados sem correspondência às necessidades potenciais de cada grupo de produtores, pois, mesmo que normalmente exista uma certa padronização das práticas no uso dos recursos, dentro de um grupo pode haver uma variação individual importante que depende da habilidade do indivíduo e da preferência por certos cultivos. Nesse aspecto reside um paradigma a ser superado: o domínio dos conceitos ao invés da fórmula. O que implica em modificações nos aspectos da pesquisa, do ensino e da extensão rural.

Atualmente, as instituições possuem equipes de profissionais altamente treinados e especializados em determinadas disciplinas, mas faltam habilidades e ferramental para as questões interdisciplinares. Tal paradigma talvez ajude a explicar porque a adoção de sistemas agroflorestais seja lenta; no entanto, as iniciativas existentes no Paraná e no mundo proporcionam a fundamentação da exeqüibilidade dos SAFs. Nesse sentido, o desenvolvimento e adoção de sistemas agroflorestais exigirá novas posturas, dependerá da disponibilidade de informações sobre a potencialidade agronômica e econômica, da demanda de mercado e da política para o desenvolvimento regional. Assim, é de se pensar que tais sistemas produtivos requeiram pesquisas regionalizadas e políticas que passem inclusive por incentivos aos proprietários rurais que são os que podem garantir o êxito na solução de problemas.


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