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2005-06-30
Por Ingrid Holsbach
Levar energia para os rincões do Brasil a um custo menor. Esse é um desafio ainda a ser cumprido pelos governos. Uma solução mais barata e viável seria a geração de energia solar, especificamente a fotovoltaica.

O professor Arno Krensinger, coordenador do Laboratório de Energia Solar da Ufrgs defendeu essa idéia ontem (29/6) durante a Conferência e Exposição Internacional de Energias Renováveis, que encerra hoje na PUC, em Porto Alegre.

Segundo o físico, os custos da eletrificação no meio rural, através de redes, são muito altos. A conversão fotovoltaica seria uma solução, nesse caso, de menor custo. Porém, nesse contexto específico, é necessário que se acople ao sistema uma bateria, pois este tipo de geração de energia não é auto-suficiente e não é capaz de sanar as necessidades energéticas sozinho.

Ele pode funcionar em uma cidade inteira, mas aliado à outras tecnologias. Em uma grande cidade esse sistema conseguiria gerar cerca de 10% da energia total. — A energia solar pode ser utilizada em qualquer região do país, sendo um pouco melhor na região Nordeste onde a incidência dos raios solares é maior-, afirmou.

Através de uma pesquisa no banco de dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), constatou que existem vários estudos a respeito do assunto, cerca de 58 grupos, sendo 20 pertencentes aos laboratórios mais importantes do país.

São dois os tipos de energia solar: a conversão térmica e a conversão fotovoltaica. A primeira consiste na transformação da radiação solar em energia térmica através da construção de um equipamento chamado coletor solar. Este tipo de conversão é adequada para aquecimento da água, por exemplo.

A segunda (conversão fotovoltaica) é um processo mais complexo, onde a radiação solar é transformada em eletricidade. O processo se dá através de uma célula fotovoltaica, fabricada a partir de um disco de silício de alta pureza, elemento de alto custo. Essas células colocadas nos telhados das casas, assim como o coletor solar, produz uma corrente contínua, mas acoplada um inversor pode produzir corrente alternada.

Também existe a possibilidade de ser interligada através de uma rede, permitindo assim um compartilhamento dessa energia com outras localidades. É como se cada domicílio gerasse um pouco de energia e essa energia gerada é produzida e compartilhada por todos ao mesmo tempo. Este processo é considerado uma forma de energia limpa, pois não produz nenhum tipo de resíduos ou impacto ambiental.

Segundo Kresinger, este processo tem um alto custo, sendo difícil de implantá-lo sem apoio e subsídio do governo. Em países como Alemanha, Japão e Estados Unidos, tal processo já vem sendo utilizado, porém o governo destes países apoia a iniciativa e ajuda na implantação através de leis federais que obrigam as concessionárias de energia a comprar a energia daqueles que instalam a tecnologia.

— No momento em que se implanta as células fotovoltaicas, a energia está sendo gerada pelo proprietário da residência, digamos. A fim de incentivar essa tecnologia os governos obrigam as concessionárias a comprarem a energia gerada nessas residências-, explicou.

No Brasil isso não acontece. O governo federal não incentiva esse tipo de geração de energia e não possuí nenhum programa ou projeto para fazê-lo, o que torna praticamente impossível a aplicação de tal sistema, e em alguns casos a conversão fotovoltaica pode ser uma opção mais viável. Como exemplo, o professor, cita o programa Luz para Todos.

— O Brasil tem uma capacidade imensa de geração de energia através da radiação solar, porém o governo não investe nisso. Aqui é muito melhor que a Alemanha, por exemplo-, afirma o professor. O estado de Minas Gerais é o mais desenvolvido neste tipo de instalação e já o utiliza no meio rural através de subsídio do programa Luz para Todos, mediante pagamento de taxa para a Cemig (companhia energética do Estado). Aqui no Rio Grande do Sul, o Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul conta com o apoio e financiamento da CEEE.

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