Interventor afirma que todas as madeireiras estão irregulares no MT
2005-06-29
O interventor do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Mato Grosso, Elielson Ayres de Souza, declarou que, caso a autarquia opte por uma revisão da documentação do pátio de estoques, com o controle da movimentação da madeira, todas as indústrias madeireiras instaladas em Mato Grosso serão consideradas irregulares. - Se o Ibama fosse fazer uma vistoria de fato, em todas as empresas, pode ter certeza que o setor pararia. Todas as empresas têm irregularidades, da pequena à grande indústria. Isso ocorre por que muitas delas se curvaram à irregularidade. Muitas para competir no mercado tiveram de adquirir esses famigerados papéis de empresas fantasmas para acobertar madeira ilegal. Hoje elas têm dificuldade porque não há mais essa cobertura.
No entanto, segundo o interventor, a prioridade neste momento é regulamentar as atividades do Ibama no programa de reorganização da autarquia após o desbaratamento do esquema de fraudes envolvendo servidores públicos, engenheiros e madeireiros, deflagrado com a Operação Curupira. - Por enquanto estamos tratando de operar, não estamos tratando de repressão.
Souza também afirma que o trabalho de fiscalizações em Mato Grosso, que ainda inclui o recadastramento das indústrias madeireiras que atuam no Estado, será complementado com vistorias por meio de satélites do Ibama para reprimir desmatamentos ilegais, além da vinda de fiscais de outros Estados para reforçar o efetivo local.
Órgão detecta várias disparidades
Somente nas bases do Ibama em Sinop e Juína, ambas no Norte do Estado, tramitam atualmente 115 e 317 planos de manejo florestal, respectivamente. Em Juína, as maiores disparidades detectadas foram em projetos com áreas de atuação na Bolívia e às margens do Oceano Atlântico. Dos 317 projetos, 147 apresentam falhas na documentação, como a ausência da comprovação junto à Fundação Nacional do Índio (Funai) de que a área a ser explorada não pertence a reservas indígenas.
Outros planos de manejo estão com as vistorias pendentes pelos fiscais do Ibama e deverão ser tomados como prioridade no cronograma de atividades do órgão federal. Em Sinop, um projeto foi indeferido, outros 68 foram aprovados, 27 apresentam pendências e 19 estão sob análise. O coordenador do Ibama em Sinop, José Geraldo de Araújo, afirma que dos 27 projetos com pendências, na maioria resta a resolução de problemas considerados simples, como a autenticação de documentos, mas há projetos encaminhados sem a devida autorização da Fema. (Amazônia.org, 28/06)