Biodiesel cearense na mira dos alemães
2005-06-29
Em plena crise energética, ocasionada pela alta do petróleo, rigorosas leis verdes sobre energia renovável e desativação de usinas nucleares, a Alemanha tem interesse em conhecer os projetos-pilotos de produção de biodiesel do Ceará. A oportunidade para troca de experiências será o XXIII Encontro Econômico Brasil-Alemanha, de 3 a 5 de julho, em Fortaleza, onde poderá ser conferida a eficiência dos ônibus movidos a biodiesel de mamona etílico e metílico a 20% (B20).
A iniciativa é do Núcleo de Tecnologia Industrial (Nutec) e contempla projeto-piloto, com uma frota de 12 veículos e chances de evoluir para acordo de pesquisa entre os governos alemão, cearense e brasileiro. A experiência do Estado deve seguir por dois anos e pode ser expandida. Depende de entendimentos com instituições parceiras. Já em Dortmund (Alemanha) podem ser feitos testes em veículos com etanol puro brasileiro, informa Fernando Nunes, presidente do Nutec.
A utilização do biodiesel e possíveis parcerias serão discutidas pela Comissão Mista Brasil-Alemanha. Faz parte do Encontro, no dia 3, reunião técnica entre representantes dos dois países. Um protocolo de intenções entre governos e empresários já foi assinado. De acordo com o presidente do Nutec, faltam acertar detalhes como o fornecimento de novos motores para a frota experimental e a fonte de recursos para custear o combustível. O Nutec tem biodiesel para atender a demanda, estimada em 182.500 litros em dois anos, e vai manter a equipe para monitoramento com reforço de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Os gastos estimados com o biodiesel somam R$ 657 mil. - Uma quantia pequena, esperamos que o governo federal banque esse custo - afirma. A utilização do biodiesel, conduzida pelo Nutec e a parceira Tecnologias Bioenergéticas (Tecbio), empresa de desenvolvimento de projetos para usinas, vai render ainda acordo com a Prefeitura de Fortaleza para o uso de biodiesel de mamona a 5% em 10 ônibus da Companhia de Transportes Coletivo (CTC) e outras duas empresas privadas, a Via Máxima e Via Urbana.
O Nutec já comanda também planta-piloto, base de um novo projeto que entra em operação em setembro deste ano. A nova usina, que envolve recursos de R$ 100 mil, do Nutec, e outros R$ 400 mil, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), terá capacidade de produção de 2,5 mil litros/dia. - O volume é suficiente para abastecer todos os testes agendados pelo governo da Alemanha e da Prefeitura- garante o engenheiro químico Expedito José de Sá Parente, diretor da Tecbio. (Página Rural, 28/06)