Aberta a temporada de observação de baleias-francas no Litoral Sul
2005-06-28
Todos os anos, de junho a novembro, as praias do Litoral Sul de Santa Catarina recebem visitantes ilustres. Eles vêm de longe, dos mares frios da Antártida, numa viagem de mais de 3 mil quilômetros. São as baleias-francas, que migram para o Brasil nessa época do ano para amamentar seus filhotes recém-nascidos - e para encantar turistas. Para preparar a temporada, os integrantes do Projeto Baleia Franca já iniciaram os preparativos e a seleção de estagiários. Além disso, uma equipe começou o trabalho de observação e monitoramento em dois pontos. Um na praia de Itapirubá e outro na praia da Vila, em Imbituba. - Elas podem chegar a qualquer momento a partir do final de junho - avisa a bióloga Karina Rejane Groch.
A partir da primeira quinzena de julho mais dez estagiários vão atuar no monitoramento das baleias. Os locais observados vão desde a praia da Pinheira até as praias de Jaguaruna. - Nestes locais, há pontos altos para observação das baleias - explica. Apesar disso, a bióloga esclarece que os mamíferos permanecem entre as praias do Sul de Florianópolis e a praia do Rincão, em Içara. São 100 quilômetros de extensão protegidos por área de proteção ambiental (APA).
A baleia-franca é uma das espécies já ameaçadas de extinção. Pode chegar a 18 metros de comprimento e pesar até 60 toneladas. Tem o corpo totalmente negro, com uma mancha branca no ventre; as nadadeiras peitorais quadradas, lembrando um trapézio; na cabeça, calosidades típicas - verrugas -, que servem como uma espécie de impressão digital que identifica individualmente cada animal. Nos últimos anos, a população de baleias tem aumentado e, com isso, Imbituba está se tornando um dos principais destinos ecoturísticos do Brasil, sempre respeitando a legislação.
Fundada em 1796, a Armação (estação baleeira) de Imbituba foi a mais austral das estações de caça à baleia no Brasil Colônia, num ciclo iniciado ainda no século 17 e que fez da colonização da costa brasileira um sinônimo de destruição da população de baleias-francas. Em função da longa perseguição, estima-se que não restem hoje no mundo mais do que 7 mil baleias-francas. Em 1982, ambientalistas voluntários liderados pelo vice-almirante Ibsen de Gusmão Câmara e pelo naturalista José Truda Palazzo Júnior redescobriram em Santa Catarina as últimas baleias-francas brasileiras, iniciando uma batalha pela sua preservação e recuperação. A iniciativa tornou-se um marco internacional na defesa da natureza. Assim, Imbituba é hoje reconhecida como a capital brasileira de conservação das baleias.
O Projeto Baleia Franca foi criado em 1982 com a finalidade de monitorar a população remanescente desses mamíferos no Sul do Brasil, é administrado pela Coalizão Internacional da Vida Silvestre - a IWC/Brasil -, uma entidade civil sem fins lucrativos que trabalha em cooperação com órgãos governamentais, instituições científicas e conservacionistas em diversos países. A sede do projeto e do Centro Nacional de Conservação da Baleia Franca funciona na praia de Itapirubá, em Imbituba. (A Notícia, 27/06)