Lei do reuso da água deve sair do papel em Curitiba
2005-06-28
Com um ano e três meses de atraso, finalmente deve sair do papel a lei
municipal que obriga as novas edificações de Curitiba a adotarem uma série
de sistemas e dispositivos para a economia de água. Uma comissão de técnicos
da prefeitura está concluindo o projeto de regulamentação da legislação. A
expectativa é de que, até 10 de julho, o documento seja enviado ao gabinete
do prefeito Beto Richa. Com sua assinatura, o projeto seria transformado em
um decreto municipal que regulamenta a lei e, assim, ela começaria a valer
na prática.
A lei prevê a obrigatoriedade de os novos imóveis construídos em Curitiba
contemplarem uma série de medidas para economizar água. Sem esses
dispositivos, o projeto do imóvel não será aprovado pela prefeitura e não
receberá alvará de construção. Dentre as medidas estão, por exemplo, a
obrigatoriedade de instalação de sistemas de reutilização da água usada no
banho e nas pias, e de mecanismos de coleta da água da chuva (para uso
posterior na limpeza dos edifícios ou para regar jardins). Além disso,
também era prevista a necessidade das novas construções terem vasos
sanitários mais econômicos (com bacia acoplada) e de arejadores nas
torneiras (peça que mistura a água ao ar na saída da torneira e, assim,
promove a economia).
Embora a lei tenha sido sancionada pelo ex-prefeito Cassio Taniguchi em
setembro de 2003, até agora ainda não estava valendo na prática. A
regulamentação da legislação deveria ter sido feita pela prefeitura, de
acordo com a própria lei, até março do ano passado – quando efetivamente as
normas deveriam entrar em vigor. Mas isso acabou não sendo feito até o prazo
determinado. Devido ao ano eleitoral (2004) e à mudança na gestão municipal,
a regulamentação acabou ficando só para 2005, explica o secretário municipal
do Urbanismo, Luiz Fernando Jamur.
Segundo Jamur, o projeto da regulamentação vem sendo concebido desde abril
por técnicos das secretarias do Urbanismo, de Obras e do Meio Ambiente, além
de profissionais do Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba
(Ippuc). Durante esse processo, diz Jamur, houve consultas a entidades do
setor imobiliário e da construção civil. A idéia do grupo de estudos é
promover, ainda neste mês, novas discussões com as entidades para que a
proposta de regulamentação seja encaminhada posteriormente para a assinatura
do prefeito.
A regulamentação, segundo Jamur, vai classificar os imóveis, dependendo do
tamanho e do uso, em categorias diferenciadas. Para cada categoria, serão
exigidos dispositivos ou sistemas de economia de água diferenciados (veja
quadro abaixo). A idéia é de que não se exijam dispositivos complexos para
edificações simples. Dessa forma, se garantiria o cumprimento da lei. O
autor da lei, vereador João Cláudio Derosso, presidente da Câmara Municipal,
afirma que já teve acesso ao anteprojeto da regulamentação. Segundo Derosso,
o espírito da lei – promover a economia de água – não foi descaracterizado
pela regulamentação. (Gazeta do Povo, 25/06/2005)