ONG condena massacre de indígenas no Paraguai
2005-06-28
A Coordenação Nacional para Mulheres Indígenas e Rurais do Paraguai condenou ontem (27/6) o governo do presidente Nicanor Duarte em razão do massacre promovido na última sexta-feira (24/6) em estabelecimentos legais ocupados por essas populações em Teko Joya de Vaqueria, no Departamento de Gaaguazu, naquele país.
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Foram mortos Angel Cristaldo e Luis Torres, e diversos outros ficaram seriamente feridos. Aproximadamente 30 pessoas foram presas, 54 casas foram queimadas e as Forças de Operações Especiais (Fope) estiveram no local para defender os latifundiários plantadores de soja.
A ONG lançou um apelo via Internet pelo fim da violência na região e pediu o fim da impunidade. A mensagem foi repassada à jornalista Lilian Joensen, na Argentina, que depois fez ampla divulgação.
Ontem, os camponeses voltaram a ocupar as terras em litígio. Apesar das circunstâncias difíceis, eles resistiram para tentar garantir a posse das terras que reivindicam como suas. –Esta terra é nossa e podemos provar. Temos documentos, por isto não vamos sair daqui, asseverou Jorge Galeano, um dos principais dirigentes locais da organização camponesa.
Galeano disse que depois dos trágicos acontecimentos do final da semana passada, foram liberados 29 homens, 19 mulheres e 40 crianças provenientes, respectivamente, da Chefia de Polícia de Caaguazú y e da sede da Fiscalização, dada a urgência do desamparo dos camponeses, uma vez que suas casas foram arrasadas, o que os deixou sob as intempéries. Segundo eles, a ação de policiais e dos chamados brasiguaios ajudou a promover o seu desalojamento.
–Estamos buscando que o governo nos dê atenção formal para cobrir as necessidades básicas, a logística, porque os cerca de 270 companheiros estão com a roupa do corpo - enfatizou o dirigente. Os colonos levaram os bens dos desalojados. Galeano reprovou a indiferença do Comitê de Emergência Nacional (CEN), que, segudno ele, em nome do Estado tem que se responsabilizar pos assistir as crianças e os anciãos, mas que nada faz.
Lamentou que o ministro do Interior, Rogelio Benítez, não tenha chegado ao assentamento e que tenha ficado em Vaquería, onde seguramente teve uma versão diferente da situação. (La Nación, 27/6)