Recursos de gás natural estão subutilizados no Cone Sul, dizem produtores
2005-06-28
Reservas de gás natural distantes dos principais mercados, onda nacionalista que ameaça a retomada de ativos privatizados e instabilidade regulatória, tudo isso somado a preços baixos do gás que não incentivam investimentos. Esse foi o panorama geral da atual situação do Cone Sul apresentado ontem pelos principais produtores de gás onde o consumo está crescendo numa média de 5% ao ano.
- Hoje os recursos de gás natural da região estão de certa forma subutilizados ou subdesenvolvidos, com exceção da Argentina, os fluxos de integração são limitados e não há real incentivo para a exploração de reservas longe dos centros de consumo, resumiu Cynthia Silveira, a diretora de Gás e Eletricidade da Total.
O diretor de comercialização de gás natural da Repsol YPF, Ernesto López Anadón, calcula em US$ 10 bilhões os investimentos necessários para atender à demanda por infra-estrutura de interconexão nos próximos dez anos, entre os quais está incluído um gasoduto levando gás da Bolívia para o sul do Brasil passando pela Argentina.
Anadón ressaltou ainda que outros US$ 3 bilhões serão necessários para a exploração e produção do gás, frisando que nesses valores não estão incluídos os US$ 2 bilhões investidos anualmente na Argentina e no Brasil. - A integração gasífera está numa encruzilhada por causa de mudanças de regras que podem tornar inviável os investimentos - avalia Anadón.
Segundo o executivo da Repsol, as barreiras ideológicas que surgiram nos países da região - e o exemplo mais próximo é a Bolívia - estão impedindo que a integração energética seja uma realidade. Entre as razões enumeradas por ele estão os preços baixos e a falta de uma sinalização de preço adequada.
Para melhorar esse cenário, as principais empresas detentoras de reservas de gás na região - Repsol, Petrobras, Total e BG - cobram uma integração não apenas física, como da regulamentação. Para reverter o cenário de indefinição, Ernesto Anadón propôs a assinatura de um acordo supranacional que traga regras claras, com regulamentação similar em todos os países e que proteja os investimentos. - Só assim se poderá evitar que barreiras ideológicas destruam o projeto de integração do Cone Sul. (Valor Online, 24/06)