Casa Branca atrapalha luta britânica contra aquecimento global
2005-06-28
Documentos do governo americanos obtidos pelo Observer revelam que a Casa Branca tem feito esforços para atrapalhar tentativas britânicas para lidar com aquecimento global. Os relatórios – parte do plano de ação do governo Bush para reunião do G 8 em Gleneagles, na Escócia no próximo mês – demonstram que os Estados Unidos têm secretamente minado as propostas de Tony Blair para conter as mudanças climáticas.
Os documentos conseguidos pelo Observer representam uma tentativa de o governo Bush subverter completamente o que a ciência sabe sobre mudanças climáticas e sinai8zar que a posição americana endureceu durante as negociações com o G 8. Os papéis também revelam que a Casa Branca abandonou um importante acordo da ONU para estabilizar emissões de poluentes. Os documentos mostram que as autoridades em Washington retiraram quaisquer referências ao fato de que as mudanças climáticas são uma meaça séria para a saúde humana e para os ecossistemas; apagaram sugestões de que o aquecimento global já teria sido iniciado e expurgaram qualquer sugestão de que a atividade humana seria a culpada pelas mudanças climáticas.
Entre as frases retiradas estava a seguinte: - Exceto com a retomada de medidas urgentes, enfrentaremos um risco cada vez maior de efeitos adversos no desenvolvimento econômico, na saúde humana e no ambiente natural, e mudanças irreversíveis a longo prazo de nosso clima e oceanos. Outra seção apagada pela Casa Branca afirmava: - Nosso mundo está se aquecendo. A mudança climática é uma ameaça séria que tem o potencial de afetar todas as partes do globo. E precisamos saber que as atividades humanas estão contribuindo para o aquecimento. Essa é uma questão com a qual precisamos lidar com urgência.
O principal conselheiro científico do governo britânico, sir David King, considera que o vazamento de comunicados internos não é um problema porque tudo será definido em Gleneagles. No entanto, muitas autoridades britânicas ficaram frustradas com a decisão do governo Bush de não aceitar o princípio básico de que as mudanças climáticas já estão ocorrendo e que elas se devem às atividades humanas. No começo do mês, as principais academias científicas das nações do G 8, incluindo a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, emitiram um comunicado dizendo que as provas de mudanças climáticas são suficientemente claras para que os líderes mundiais agissem. Fica claro que as recomendações foram completamente ignoradas por Bush e seus conselheiros. Outros instrumentos de controle evitados pelos Estados Unidos incluem o Clean Dvelopment Mechanism (CDM), um programa estabelecido para auxiliar países em desenvolvimento a crescer e ao mesmo tempo controlar as emissões atmosféricas. De acordo com os documentos, o governo americano renegou os planos para assegurar que o conselho executivo do CDM seja adequadamente financiado até o fim de 2005. (Carta Capital, 27/06)