RS é o vice-líder em câncer de pele
2005-06-27
O Rio Grande do Sul é um dos líderes em câncer de pele no país. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, o Estado alcança o segundo lugar em casos de melanoma, tipo mais grave da doença e que pode levar à morte. O RS perde apenas para Santa Catarina, onde também há predominância de pessoas com pele clara. Conforme o estudo, a região Sul é a mais atingida pelos efeitos do buraco da camada de ozônio. Esta funciona como guarda-sol para a atmosfera.
O diretor do Instituto de Meio Ambiente da PUC, Jorge Alberto Villwock, lembra que o buraco na camada de ozônio foi observado pela primeira vez em 1985. Em 2000, houve o registro de uma das maiores extensões dessa falha na camada, com 28,3 milhões de quilômetros quadrados. Os gases já lançados duram entre 50 e 300 anos. Segundo o cirurgião oncologista e coordenador do Grupo de Cirurgiões de Melanoma do Hospital Santa Rita, Felice Riccardi, a incidência de câncer de pele vem aumentando e a projeção é de que continue crescendo nos próximos 40 anos. — O Sol é o principal culpado pelo câncer de pele-, afirma, acrescentando que o melanoma é caracterizado, em geral, por uma pinta escura e assimétrica com duas ou mais cores e com crescimento rápido.
Há outros dois tipos da doença: o carcinoma basocelular e o carcinoma epidermóide, ambos marcados por feridas que não cicatrizam após várias semanas. O buraco da camada de ozônio altera ainda o meio ambiente, afetando o desenvolvimento de plantas e de formas de vida aquáticas.
Em 1990, o Brasil aderiu à Convenção de Viena e ao Protocolo de Montreal, que forçou a elaboração de normas e o estabelecimento de um plano de eliminação do uso do agrotóxico brometo de metila. Por estar em desenvolvimento, o país teria que eliminar a produção e o consumo de substâncias nocivas à camada até 2010. Mas o Conselho Nacional de Meio Ambiente reduziu o prazo para terminar com os clorofluorcarbonetos (CFCs) até 2007. Apesar disso, a extensão do buraco, que está sobre o continente da Antártida, tem progredido e se expandido lentamente. Isso acontece porque os gases já lançados continuam atuando, conforme explica a coordenadora do Programa de Monitoramento do Ozônio na Atmosfera, do Núcleo de Estudos e Pesquisas Aeroespaciais da Universidade Federal de Santa Maria, Damaris Kirsch Pinheiro. O trabalho, desenvolvido com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais desde 1992, conta com um dos poucos medidores de ozônio no país, que realiza monitoramento diário. Segundo ela, a camada sobre o Estado tem variação considerada normal. Lembra que é preocupante o período entre agosto e novembro. Nesse período, cai a concentração de moléculas de ozônio na Antártida, o que pode atingir o Estado caso a região Sul receba uma massa de ar entre 20 e 30km de altura. (CP, 26/06)