Madeireiras fecham em 60 dias no MT
2005-06-27
O impacto negativo na economia de pelo menos 45 municípios das regiões Noroeste e do Vale do Arinos, em Mato Grosso, foi tratado, em praça pública, no dia 23. Autoridades políticas e empresariais destas cidades, com mais 70% de sua economia voltada para o extrativismo vegetal, vieram a público esclarecer os efeitos após a Operação Curupira, que além de dezenas de prisões, culminou com a suspensão das liberações das Autorizações para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs) até 2 de julho. Sem o documento, a entrada e saída de madeira e seus produtos ficam impedidas.
O prefeito de Aripuanã (1 mil quilômetros a Noroeste de Cuiabá), Ednilson Faitta, conta que no centro da cidade mais de cinco mil pessoas atenderam ao chamamento de repúdio às ações do governo federal. - A cada dia que passa a situação da região piora. Em 60 dias, todas as indústrias madeireiras vão estar fechadas e, somente aqui na cidade, mais de 4,5 mil pessoas vão estar desempregadas - argumenta. Faitta explica que, além da suspensão temporária das autorizações, ninguém tem garantias de que elas voltem a ser expedidas no início de julho. - O Ibama, responsável pela emissão, está em greve e além disso, não sabemos quais políticas estão sendo traçadas lá - insiste. Ele conta que pelo menos 1,5 mil trabalhadores já foram demitidos e que as empresas que não pararam por falta de ATPFs estão com carga horária reduzida e concedendo férias coletivas aos empregados.
O comércio da região, segundo Faitta, já sente o efeito cascata da Operação Curupira. - O repasse de ICMS ao município está reduzido desde o começo do ano como conseqüência da crise do agronegócio. Permanecendo este quadro, a partir de agosto, a região absorverá dois: o do agronegócio e o da madeira - prevê o prefeito.
O volume proveniente do recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que é repassado a Aripuanã, foi reduzido em maio em 10%, perdas estimadas de R$ 40 mil. - Desde o início do ano o volume oscila entre R$ 380 e R$ 440. Vale destacar que até maio nossas vendas de madeiras estavam regulares. O impacto vem no segundo semestre, essa redução é somente em função do agronegócio, o Estado arrecada menos e repassa menos - aponta.
Na próxima segunda-feira, dia 27, a Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) será sede de reunião entre madeireiros, prefeitos dos municípios atingidos e autoridades, com o interventor do Ibama, Elielson Ayres de Souza. - Precisamos de posicionamento - cobra Faitta. A paralisação de ontem, acredita o prefeito de Aripuanã, atingiu 100% das cidades de Castanheira, Juruena, Cotriguaçu, Colniza, Juína e Juara. (Amazônia.org, 24/06)