Apesar da crise, consumo de gás natural continua estável
2005-06-27
Por Cristina Ramos
Apesar da grande movimentação no mercado do gás natural provocada pelos protestos na Bolívia, o volume de gás comercializado no Brasil manteve sua média diária.
O mês de maio atingiu quase 37,8 milhões de metros cúbicos diariamente. Um aumento de 6% em relação ao mesmo mês do ano anterior e, no acumulado dos 5 primeiros meses deste ano, se comparado com o mesmo período do ano passado, o crescimento ultrapassa os 11%.
Em relação ao mês anterior (abril/2005) houve uma pequena baixa, 1%, refletida nos setores comercial e de geração de energia. O setor que mais cresceu foi o residencial, com mais de 15%, se comparado ao mesmo período de 2004.
Com o passar do momento mais delicado da crise boliviana, fica afastada a hipótese do reflexo dessa crise atingir a comercialização de gás natural no país, enquanto cresce o número de pessoas modificando seus hábitos e aderindo ao uso do produto. Os dados foram fornecidos pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). Segundo a entidade, já são quase 1,2 milhões de usuários desse combustível. A rede de abastecimento de gás já possui mais de 11.730 km de extensão.
A falta de um planejamento energético com estratégias bem definidas tem sido um dos maiores entraves para o desenvolvimento da indústria do gás natural no Brasil, de acordo com o presidente da Abegás , Romero de Oliveira e Silva.
Oliveira comparou a falta de planejamento com a falta de investimentos na educação e acrescentou dizendo que dificilmente acertaremos os passos da indústria do gás natural se permanecerem as indefinições neste setor. — O Brasil possui reservas de gás suficientes para suprir suas necessidades, não há motivos para pensarmos em racionamento - disse. Segundo ele, enquanto não tiver uma definição clara em relação ao gás natural, os investidores vão optar por investir na exploração e produção do petróleo.
— A indústria do gás natural precisa se desenvolver, ganhar autonomia em relação ao petróleo - afirma. Outra reivindicação é independência no processo de produção e exploração, saindo do atrelamento ao petróleo, que conforme o setor, seria prejudicial ao mercado. Em relação à sucessão ministerial a entidade aguarda com boas expectativas uma melhora no setor e uma agilidade no andamento das propostas de Dilma Roussef.