Ambientalistas confirmam riscos da degradação ambiental
2005-06-24
Os problemas ambientais estão batendo à nossa porta. Não há mais tempo: ou agimos imediatamente, ou os danos serão irreversíveis. A afirmação foi da ambientalista e membro do Conselho Diretor do Núcleo Amigos da Terra Brasil, Káthia Vasconcellos, na manhã desta quinta-feira (23), durante o curso de Extensão Universitária em Jornalismo Ambiental, que se realiza no Plenarinho da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O evento é promovido pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS), Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM/RS), UFRGS e seção gaúcha da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES/RS). Ao ministrar sua palestra-aula, em conjunto com a presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), Edi Fonseca, Káthia lembrou o alerta dado recentemente pelo clima: - Em menos de 40 dias, tivemos somente aqui na Região Sul, o furacão Catarina, a maior seca da história do Rio Grande do Sul e duas enchentes no rio Uruguai. Alguém acha isso normal?
Ela enfatizou que esses sinais são decorrência da agressão do homem à natureza. E acrescentou: - É por isso que não cansamos de destacar em todas as palestras e eventos que participamos, sobre os riscos que corremos quando derrubamos as florestas. Se houvesse florestas nessas áreas, certamente a reação do clima seria bem diferente.
A ambientalista advertiu também para os graves riscos que a população está correndo com a contaminação do Aquífero Guarani. Localizado nos estados do Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (no Brasil), além de abranger partes da Argentina, Paraguai e Uruguai, o Guarani é o maior aquífero do mundo, somando aproximadamente um milhão e 400 mil quilômetros quadrados.
Capacitação para ambientalistas
Káthia Vasconcellos destaca que as perfurações que estão ocorrendo em várias partes do aquífero, tornam-se um grande risco de contaminação daquela água. - Ao contrário de um rio que está sempre correndo, o aqüífero é um grande lago que temos no subsolo, com lenta renovação das águas. Quando perfuramos para tirar a água, abrimos espaço para contaminação com vários poluentes, entre os quais os agrotóxicos ainda são utilizados em larga escala nas lavouras.
Durante o curso, os organizadores se comprometeram a organizar um novo evento para que os ambientalistas possam se capacitar a melhor a atender a imprensa. A autora da sugestão, Kátia Vasconcellos, que há mais de dez anos participa do Núcleo Amigos da Terra, lembra a dificuldade dos dirigentes de entidades ambientalistas se relacionarem com os profissionais de comunicação. - Assim com os jornalistas precisam conhecer as questões ambientais para poder tratá-las da forma correta, também os ambientalistas necessitam aprender sobre as normas da comunicação para poderem se expressar e conseguirem efetivamente apontar os problemas que mais interessam à sociedade - resumiu.
Licenciamento Municipal
Já, a presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), Edi Fonseca, fez uma ampla aborgadem sobre a atuação da entidade, desde a sua fundação, mostrando que está diretamente ligada às principais conquistas na área ambiental nos últimos 30 anos. No entanto, criticou a liberação por parte do Estado de megaprojetos que afetam diretamente a área ambiental, como hidrelétricas e grande loteamentos. - Algo que o Estado não tem condições de fiscalizar, ele não poderia autorizar - disse. E perguntou: - Há como fiscalizar as dioxinas?
No seu entender nos Estudos de Impacto Ambiental – Relatórios de Impacto Ambiental (EIA/RIMAS) há erros primários. As audiências públicas não têm caráter deliberativo, apenas consultivo, acrescenta ela. A presidente da AGAPAN acha também muito perigoso o Estado autorizar os municípios a fazerem o licenciamento ambiental. - A legislação que possibilita as prefeituas licenciarem exigem muito pouco: apenas um técnico e um fiscal. Por isso, elas são obrigadas a fazer convênios com universidades – afirma Edi. E arrematou alertando que a Resolução 102 de 2005 da FEPAM, que dispõe sobre os critérios para o exercício da competência do Licenciamento Ambiental Municipal, no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, poderá trazer ao território gaúcho mais problemas do que benefícios.
O curso de Extensão Universitária em Jornalismo Ambiental, que marca a passagem de aniversário de 15 anos do NEJ/RS e da FEPAM/RS, prossegue nesta sexta-feira (24), com palestra-aula do secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone, que abordará o tema Desafios ao Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Em seu último dia, o evento será aberto a todas as pessoas interessadas. O Plenarinho da Reitoria da UFRGS está localizado na Av. Paula Gama, n/nº, térreo). (Ecoagência, 24/6)