Agrônomo diz que soja transgênica vai agravar problemas dos agricultores brasileiros
2005-06-24
Em poucos anos, com o uso de sementes de soja transgênica, os agricultores brasileiros terão que gastar mais dinheiro com agrotóxicos, garante o engenheiro agrônomo da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace, Ventura Barbeiro. — A vantagem dos primeiros anos perde-se rapidamente. Existe a redução sim, mas depois o problema volta.
Segundo ele, nos Estados Unidos, que já implantou sementes geneticamente modificadas para resistir às ervas daninhas, depois de três anos o uso aumentou, demandando mais e mais glifosato. Barbeiro conta, inclusive, que no estado do Mato Grosso, a erva daninha mais problemática já é tolerante ao glifosato. O glifosato é um tipo de herbicida, comercializado pela empresa multinacional Monsanto.
A Embrapa lançou hoje três sementes de soja transgênica RR adaptadas para a região do cerrado brasileiro. De acordo com o engenheiro agrônomo, isso não é interessante porque a tecnologia das sementes RR seria da Monsanto. O que ela fez foi introduzir um pacote de genes patenteados pela Monsanto nas variedades brasileiras. Não há conquista nenhuma. Os agricultores que plantarem a soja da Emprapa pagarão royalties para a Embrapa e para a Monsanto.
Barbeiro faz ainda um alerta em relação à saúde e ao meio ambiente. No futuro, passado esses três anos, ela (a soja transgênica) vai agravar o problema da contaminação dos rios e a saúde da população indígena, porque, segundo ele, será preciso utilizar mais agrotóxicos.
—Por isso defendemos que esse controle seja por métodos agroecológicos, e não químicos. Em Cangará da Serra, próximo a Cuiabá, existe o maior produtor de soja agroecológica do país.
Na visão do pesquisador Plinio Itamar de Souza, responsável pela equipe de 20 funcionários que esteve à frente da pesquisa sobre variedades de soja transgênica na Embrapa, poderão ser usados agrotóxicos herbicidas menos agressivos ao meio ambiente. Segundo ele, no projeto das três sojas para o cerrado foram gastos sete anos de pesquisa. (Agência Brasil, 23/6)