Pesquisadores apontam evidência de um El Niño milenar
2005-06-24
Na última vez em que a Terra se aqueceu, as águas do Oceano Pacífico devem Ter sido afetadas por um modelo de El Niño que permaneceu por mais de um milhão de anos, afirma um relatório liberado ontem (23/6) por cientistas. –É uma indicação de que nós precisamos nos focar em como o El Niño pode mudar enquanto a Terra de aquece, afirma o Dr. Michael W. Wara, que realizou a pesquisa enquanto era estudante de graduação da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz. As descobertas foram publicadas ontem no jornal Science, versão para web.
Durante a primeira metade da época conhecida como Plioceno, entre 4,5 milhões de anos e 3 milhões de anos atrás, as temperaturas globais ficaram, em média, 5 graus Fahrenheit maiores dos que as atuais. Portanto, os cientistas olham para o Plioceno para ter pistas sobre como o atual aquecimento da Terra poderia afetar o clima atual.
As águas superficiais da região tropical oeste do Oceano Pacífic estão agora, geralmente, cerca de 10 graus mais quentes do que aquelas do leste do Pacífico. Mas durante o evento El Niño, os ventos de Leste a Oeste varrem e aquecem a costa Leste, causando mudanças no modelo climático.
O Dr. Wara e seus colegas estudaram conchas de plâncton retiradas de recifes de corais da base do oceano, algumas do Pacífico Oeste, perto da Indonésia, outras do Pacífico Leste, perto das Ilhas Galápagos. As conchas eram constituídas principalmente de carbonato de cálcio, mas ocasionalmente de substitutos de magnésio para átomos de cálcio. Essas substituições ocorrem mais freqüentemente em águas quentes. A medida do magnésio indica que a temperatura da água indicava um plâncton vivo. Os dados indicam que o Oeste e o Leste do Pacífio estavam em temperaturas mais próximas durante o Plioceno do que durante o El Niño.
Num artigo publicado na revista Science há três meses, dois pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, utilizaram a mesma técnica em amostras de dois recifes de corais e, contudo, chegaram a conclusões opostas. Para os cientistas de Oxford, durante o Pliocene, a água no Leste do Pacífico estava muito mais fria.
Para o Dr. David Lea, professor de ciências geológicas da Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, com experiência em pesquisas nesta área, no balanço entre os dois trabalhos, a probabilidade é mais dirigida a que o segundo artigo esteja correto. –Mas não penso que seja definitivo, afirmou. (NY Times, 24/6)