Desenvolvimento econômico pode causar crise ambiental na China
2005-06-24
A China sofrerá uma grave crise ambiental até 2020 se não mudar seu modelo de desenvolvimento econômico, segundo cálculos da Administração Estatal de Proteção Ambiental (Saiba, na sigla em inglês) publicados nesta segunda-feira.
–A carga da contaminação será quadruplicada até 2020, se o ritmo de poluição for mantido, disse Pan Yua, subdiretor da Saiba.
Nesse mesmo ano, a China terá consumido quase todas as suas reservas minerais e só restarão seis dos atuais 45 principais recursos minerais existentes no país, afirmou.
O gigante asiático está utilizando seus recursos e contaminando seu meio ambiente (ar e água) para fabricar bens destinados a todos os países do mundo, afirmou Pan, durante um fórum ambiental realizado no fim de semana.
A atual contaminação é muito pior do que a que sofreram os países ocidentais durante sua decolagem econômica, ainda segundo Yua, já que a renda per capita dos chineses oscila entre US$ 400 e US$ 1.000 anuais, enquanto nos países mais desenvolvidos, a poluição piorou ao subir de US$ 3.000 para US$ 10 mil.
A China é o primeiro país do mundo em consumo de água, e o segundo em consumo de energia e emissão de dióxido de carbono, segundo a agência de notícias Xinhua.
O consumo energético total da China é sete vezes maior que o do Japão, seis vezes o dos Estados Unidos e 2,8 vezes o da Índia, cuja população em breve alcançará a chinesa.
O atual modelo de desenvolvimento chinês aposta primeiro na edificação e industrialização, e depois a limpeza. Por isso, os principais rios e 25 dos 27 maiores lagos da China já estão contaminados.
A chuva ácida, a desertificação e a erosão fizeram com que a terra habitável se reduzisse de seis milhões de quilômetros quadrados em 1949 para apenas três milhões hoje, acrescentou Pan.
O especialista concluiu que a China deveria mudar já seu rumo de desenvolvimento, na busca de um crescimento verde ou ecológico, para evitar a degradação ainda maior de seus recursos. (EFE, 22/6)