Equipe de arqueólogos encontra três novos sítios arqueológicos no litoral Sul catarinense
2005-06-24
Três sítios arqueológicos, de aproximadamente dois mil anos, foram encontrados na última semana às margens da BR 101, em trechos onde a rodovia está sendo duplicada. Coordenada pelo arqueólogo e professor Marco Aurélio De Masi, da Unisul, a equipe localizou na quarta-feira (22/06) um sítio guarani, formado por várias cerâmicas, no município de Imbituba, e sambaquis em Palhoça e Jaguaruna, após sondagens realizadas com o objetivo de monitorar as áreas próximas à rodovia.
A revelação ajuda a compreender a pré-história de uma das mais ricas regiões da costa brasileira e já foi comunicada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Instituto Militar de Engenharia (IME) e Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), instituições envolvidas na preservação dos sítios.
O surgimento destes sítios arqueológicos surpreendeu a equipe e é motivo de comemoração. A última catalogação aconteceu na década de 1960, sob a coordenação do historiador Walter Piazza. — Pela riqueza da região, formada por dezenas de lagos próximos ao estuário do rio Tubarão – é provável que novas descobertas sejam feitas-, afirma De Masi, professor de Antropologia Cultural na Unisul Business School e coordenador do Laboratório de Antropologia Cultural e Arqueologia da universidade. No sítio guarani, por exemplo, a equipe encontrou, a 70 centímetros da superfície, restos de carvão, conchas e quebra-coquinhos, peças que comprovam a existência de povos antigos.
O trabalho do grupo, formado por dois arqueólogos e três estudantes universitários, iniciou há duas semanas, após um contrato emergencial firmado entre Unisul e IME, com o objetivo de monitorar as áreas próximas à BR-101 que seriam atingidas pelas obras de duplicação da rodovia, a fim de guardar sítios arqueológicos.
Universitários convocados
Pela riqueza de suas condições ecológicas, este trecho abriga 19 sítios que já foram catalogados – um deles, na localidade de Nova Brasília, foi impactado em maio pelas obras. Para evitar a destruição dos demais sítios, o IPHAN pediu o embargo das obras.
O surgimento de novos sítios arqueológicos é conseqüência do trabalho de monitoramento e salvamento projetado inicialmente para a região às margens da BR-101. As atividades iniciaram há três anos, a partir de estudos de impacto ambiental na área, mas foram interrompidos por falta de verbas. Neste meio tempo, as obras de duplicação iniciaram e, semanas mais tarde, foi identificado o primeiro prejuízo a um sítio. — Nosso objetivo não é vigiar o trabalho, mas monitorar e conscientizar as pessoas que estão atuando na duplicação. Não queremos parar as obras-, explica o arqueólogo De Masi.
O grupo trabalha de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas, mas, para garantir a preservação dos demais sítios ao longo da costa catarinense, são necessárias mais pessoas engajadas no monitoramento e salvamento destes locais. A região entre os municípios de Sangão e Passos de Torres é a próxima prioridade da equipe. Estudantes universitários são convidados a participar, por meio de bolsas de pesquisa. Interessados podem inscreverem-se pelo telefone (48) 261-0067 ou enviar e-mail para aurelio@unisul.br