Ibama conclui mapa de crimes ambientais no Parque Nacional Serra do Itajaí
2005-06-23
Fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) identificaram cinco tipos de crimes ambientais no Parque Nacional Serra do Itajaí durante o terceiro e último dia de monitoramento aéreo sobre a região. Os responsáveis serão abordados por três equipes terrestres, a partir da semana que vem. No dia 21, foi concluída a montagem do mapa digital do parque, de 570 milhões de metros quadrados. Nele, constam 38 pontos de unidades de informação, que são os cumes mais altos, deslizamentos e os crimes ambientais, que na sua maioria são destruição de nascentes e córregos, desmatamentos, queimadas e mineração. Também foram detectadas cerca de uma dezena de áreas ocupadas por fazendas, pastos, e pela exploração de pinus, causando a destruição da mata nativa.
O crime mais grave, segundo o administrador do parque, Ângelo de Lima Francisco, é o que vem sendo cometido por três mineradoras. - Além de tirarem a vegetação, houve também a remoção orgânica do solo, até chegar na rocha. A recuperação se torna mais difícil, porque primeiro teremos de fazer a reposição desse solo - explicou.
O segundo crime ambiental identificado foi a extração ilegal de madeira, detectada em pelo menos meia dúzia de focos na região Leste da área. O plantio de eucalipto, de maneira ilegal, onde não foi respeitado o fluxo natural de água e nascentes e áreas de encostas, também foi outro crime detectado no monitoramento feito por helicóptero. O mau uso do solo e as queimadas foram os outros delitos ambientais cometidos no parque. - Isso tudo aconteceu antes o decreto do parque. As punições terão de ser avaliadas nesse parâmetro. Vamos verificar as licenças para a exploração, certificados de propriedades e outros - explicou Francisco.
Para a bióloga e pesquisadora florestal da Universidade Regional de Blumenau (Furb), Lúcia Sevegnane, o trabalho realizado pelo Ibama foi muito importante porque dá ao gestor uma noção da área e os pontos que precisam de mais atenção na fase de recuperação. Já o ecólogo Lauro Bacca, um dos ambientalistas que há mais de 20 anos vinha lutando pela criação do parque nacional, entende que os resultados estão além da expectativa. - Em três meses, conseguimos o que o Parque de São Joaquim não conseguiu em 40 anos - observou.
Lúcia Sevegnane sobrevoou a área do parque ontem com os fiscais do Ibama, e aproveitou para acompanhar do alto a recuperação da área do Parque Ecológico Spitzkopf, atingida pelo incêndio há dez anos. (A Notícia, 22/06)