Barreira aos transgênicos protege empresas paranaenses
2005-06-22
A fiscalização permanente executada pela Claspar para o Porto de Paranaguá assegura para as cooperativas e empresas paranaenses a garantia da manutenção de mercados que exigem as importações de soja não transgênica. Esta garantia proporciona um diferencial para a soja convencional paranaense que tem acesso livre junto aos países importadores da Europa e de vários outros mercados.
É o caso da China, cuja demanda pela soja convencional paranaense está possibilitando a abertura de novos canais de negociações para a compra em grande escala do produto, com determinação expressa que não seja transgênico.Dezenas de empresas do Paraná têm conseguido manter bom desempenho de exportações de soja, com garantia de não ser transgênica, beneficiando-se da preferência mundial por este tipo de produto que atende a demanda crescente, ao contrário do que está ocorrendo com a soja transgênica.
A credibilidade desta fiscalização rigorosa dos grãos exportados fez do Porto de Paranaguá uma referência para o mundo. Esta é a opinião do gerente de Recursos Genéticos do Ministério do Meio Ambiente, Rubens Onofre Nodari. A Claspar é uma das empresas com melhor conceito no Brasil dentro do seu ramo de atividade, em função do trabalho de classificação de produtos em mais de 40 anos.
Segundo Nodari, o Paraná deve manter a classificação estratégica e única que vem realizando. - Se o Paraná permitir a segregação - que demanda muito trabalho e encarece a logística - o Estado perde este referencial que ele já tem no mundo e que traz diferencial importante de qualidade - ressaltou.
Classificação
No final de maio e começo de junho, a Claspar refugou duas frotas com mais de 100 carretas da empresa Adubos Viana que transportavam cargas com grãos de soja transgênica, apesar de portarem laudo da SGS do Brasil que certificava o carregamento como sendo convencional. A primeira carga era transportada para a Cargill e teve 80 caminhões refugados. A empresa alegou se tratar de um equívoco - dizendo que a carga tinha outro destino - mas, uma semana depois, desceram 113 caminhões com cargas que, na primeira análise, também se revelaram transgênicas.
A classificação da soja para exportação obedece uma normatização específica da Associação Nacional de Exportadores de Cereais, que define os padrões de exportação e define os percentuais aceitos para formação do pool de exportação. São verificadas a presença de impurezas, com a tolerância máxima de 1%; de umidade, com 14%; de ardidos, com 5%; e avariados, com 8% de tolerância.
Apesar de ter o maior pátio da América Latina - com 613 mil metros quadrados de área - a triagem obriga que todos os caminhões passem pelo Posto de Controle de Qualidade para o Pool de Exportação da Claspar. Quase dois mil caminhões e 400 vagões de trem passam por dia pela classificação nos picos de escoamento da safra. O controle de carga é feito por um sistema de computadores que exige a apresentação de senhas pelos motoristas pelo menos duas vezes antes da saída para o descarregamento da carga no porto. - Nós reforçamos a fiscalização naqueles veículos que vem das áreas que já consideramos de risco - afirmou o gerente do Posto, Cezar Elias Simão.
Qualidade
O diretor da Claspar, Eduardo Baggio, esclarece que, apesar de atingir todos os veículos que passam pelo pátio, o processo de fiscalização é acelerado com mais funcionários nos períodos de maior tráfego e pode ocorrer, simultaneamente, em seis veículos. Além da transgenia, também são avaliados aspectos de qualidade dos grãos, como umidade e impurezas. - Ao longo destes 23 meses, nós não tivemos nenhuma reclamação de importador relacionada com a impureza - salientou. Após sair do pátio de triagem, a carga passa novamente por outra fiscalização no Porto. A rigidez no controle de qualidade não evita, entretanto, que alguns transportadores tentem fraudar documentação para escapar do controle. Segundo o gerente da fiscalização, as tentativas de burlar a fiscalização já geraram casos de polícia.(Página Rural, 21/06)