Paraná aumenta fiscalização para proteger áreas de mata nativa
2005-06-22
A descoberta de 191 hectares de desmatamento em uma área que deveria ser transformada em unidade de conservação levou o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a Polícia Florestal a organizar uma superestrutura para evitar novas investidas contra a mata nativa no Paraná. As áreas escolhidas pelo Ministério do Meio Ambiente para a preservação dos remanescentes da floresta de araucária e campos no Paraná serão monitoradas com a ajuda de dois aviões, dois helicópteros e um efetivo que soma quase mil pessoas.
— Com isso ampliamos a capacidade de mobilização para uma maior e melhor fiscalização de todas essas áreas - explica o superintendente do Ibama no Paraná, Marino Gonçalves. O grupo ainda pode contar com a ajuda do Exército. Foi encaminhado ao Ministério da Justiça um pedido para que as Forças Armadas colaborem com a logística, transportando as cargas de madeira apreendidas. A participação da Polícia Florestal em todas as operações será importante para a efetivação das prisões em flagrante.
Nos últimas duas semanas, ações conjuntas de órgãos ambientais revelaram pontos de desmatamento em três regiões distintas do estado, com multas que somam R$ 3,2 milhões e a prisão de nove pessoas. Em Palmas, o Ibama encontrou muitos animais mortos e troncos de araucária que viraram carvão em uma área que deveria estar dentro de um refúgio de vida silvestre. A derrubada de árvores e o incêndio para a preparação do plantio de pinus renderam à empresa Compensados Itamarati a multa de R$ 1,3 milhão. Aproximadamente 500 hectares explorados pela empresa foram embargados.
O caso foi encaminhado ao Ministério Público para que seja instaurado processo criminal. Além disso, a Procuradoria do Ibama já iniciou os trabalhos para impetrar ação civil pública pelos danos ao meio ambiente, exigindo a recuperação da área. O presidente do IAP, Rasca Rodrigues, confirmou que a licença ambiental apresentada pela empresa para a supressão da mata autorizava, na verdade, o corte de árvores em outra área. Além disso, o documento já havia vencido em maio de 2004.
Já a Operação Serra da Esperança localizou serrarias móveis na região de Guarapuava. Os equipamentos eram levados para o meio da mata e o desmate acontecia de forma seletiva – apenas as maiores e mais valiosas árvores eram derrubadas – para despistar a fiscalização. — Além de ser mais difícil de identificar do que a devastação total de uma área, o corte seletivo resulta no empobrecimento da floresta, para que depois se consiga uma licença para o desmate - explica Gonçalves.
O superintendente do Ibama conta que a operação prossegue esta semana, com o apoio do IAP e o respaldo da Justiça, que deve conceder mandados de prisão. Na semana passada, cerca de 1,5 mil hectares foram fiscalizados. Para esta semana, a previsão é de vistoriar 2,7 mil hectares. Wilson César Lasta foi autuado em R$ 1,5 milhão por supressão da mata e R$ 473 mil por destruição de abrigo de fauna. Foram identificadas também agressões à mata ciliar. Na Região Centro-Oeste do estado, as polícias Civil e Florestal apreenderam 12 caminhões carregados de madeira, contendo pinus e araucária. O corte ocorreria em uma área de reflorestamento pertencente ao Incra, em Rio Bonito do Iguaçu. Nove pessoas foram presas e três fugiram. A ação de quadrilhas especializadas em madeira é investigada há mais de um ano. (Página Rural, 21/06)