Documentário une imagens de 150 aldeias brasileiras com depoimentos de Darci Ribeiro
2005-06-21
Por Lara Ely
Séculos Indígenas no Brasil. Este é o nome do documentário do cineasta carioca Frank Coe sobre a formação cultural indígena no Brasil. A primeira parte de uma série de quatro filmes chama-se Maíra, de Darci Ribeiro: um deus mortal? e será lançado no próximo ano. Frank e sua equipe já rodaram mais de 30 mil km pelo Brasil afora. Feito com verba própria até 2004, o filme ganhou patrocínio da Fursan, Eletronorte, Banco da Amazônia e do Governo Nacional, através da Lei Rounet. As 45 horas de gravação resultaram até agora na edição de 80 minutos, onde 25 são de animação.
O desenho é usado de forma lúdica para fazer alguns questionamentos sobre a interpretação de Darci Ribeiro acerca da realidade. — É uma adaptação parcial do romance Maíra para a mitologia. No roteiro, aliamos depoimentos exclusivos do historiador às cenas do cotidiano de 150 aldeias brasileiras, e usamos a animação para agregar ironia e crítica ao seu imaginário - explica o diretor.
Estão produzindo o documentário: Álvaro Tucano, Paulo Metz (fotógrafo e assistente de câmera), Piotr Jaxa (cinegrafista polonês) e Alexandre de Freitas (fotógrafo da Fundação Gaia).
O diretor Frank Coe cursou Cinema na Escola de Belas Artes de Genebra, e Psicologia na Universidade da mesma cidade. Após ter estudado três anos na área de Psicologia Social e trabalhado 13 anos com a causa indígena, ele vê o filme como uma realização mais do que profissional, mas uma forma de cumprir sua missão pessoal, social e ambiental. — Esse é um legado que quero deixar para meus filhos - aspira o cineasta.
Em agosto, durante o Fórum Internacional de Cultura Indígena, que acontece na PUCRS, serão expostas as fotos que documentam o filme. A mostra percorrerá também o Rio de Janeiro, na Fundação Darci Ribeiro e Espaço Cultural Furnas, e em setembro estará em Minas Gerais, durante o Festival de Cultura Indígena de Minas Gerias na Serra do Cejó.
Palavras de um sábio
— Não escolhe quem vai participar da luta. A questão já nos escolheu - avisou Darci Robeiro, ao clamar pela participação dos brasileiros para o cuidado com os indígena. — Ele (o índio) resistiu bravamente durante tantos anos, guardando nossa terra, mantendo seus traços para preservar a identidade nativa deste país. Dizimamos uma população de 4 milhões até chegar na realidade atual de 300 mil. Os missionários católicos afastavam filhos dos pais como a única maneira de dominá-los. A terra encontrada pelos europeus era o paraíso perdido pelos indígenas, e por isso temos uma dívida com eles.