EUA enfraquecem documentos do G8 sobre clima
2005-06-21
O governo dos Estados Unidos conseguiu enfraquecer seções estratégicas de uma proposta de ação conjunta do G8 (os sete países mais ricos e a Rússia) sobre mudanças climáticas, informou nesta sexta-feira The Washington Post. O jornal teve acesso a documentos e informou que, sob pressão dos Estados Unidos, os negociadores do G8 eliminaram textos que detalhavam a forma como o aumento das temperaturas afeta o planeta.
O governo americano questionou os argumentos dos cientistas sobre um aquecimento da atmosfera causado, em grande parte, pela queima de combustíveis fósseis. A cúpula do G8, que será realizada entre os próximos dias 6 e 8 em Glenagles (Escócia), pode definir medidas para reduzir as emissões de dióxido de carbono. - A pressão do governo (de Bush) para alterar o plano do G8 sobre aquecimento global marca o esforço para modificar documentos científicos para que eles se adaptem à posição (americana) de que as reduções na emissão de dióxido de carbono não são necessárias - diz o jornal.
Na semana passada, o New York Times informou que o chefe do Conselho da Casa Branca sobre Qualidade Ambiental, Phillip Cooney, tinha alterado documentos científicos para que enfatizassem as incertezas nas conclusões sobre mudanças climáticas. Cooney, ex-lobista da indústria petrolífera americana, deixou o posto na Casa Branca na sexta-feira passada e passou a trabalhar em relações públicas da Exxon Mobil, uma das empresas que mais se opõem aos limites de emissões de gases poluentes.
Segundo o Washington Post, - em preparação para a cúpula (do G8) os negociadores buscam redigir as declarações sobre a mudança climática e outros assuntos de modo que os oito presidentes e primeiros-ministros possam assiná-las. - Os textos redigidos até agora não são definitivos, mas os documentos mostram que foram eliminados muitos parágrafos por insistência dos Estados Unidos - informou o jornal.
Todos os países signatários do Protocolo de Kyoto se comprometeram a baixar, até 2012, as emissões de gases poluentes. Em 2001, Bush decidiu não ratificar o protocolo que o governo americano já tinha assinado. (Agência Estado, 17/6)