Cerca de mil madeireiras fantasmas foram criadas para subsidiar o comércio de Autorizações para Transportes de Produtos Florestais (ATPFs) em Mato Grosso. Isso indica que os 43 mil hectares de áreas desmatadas ilegalmente no Estado são apenas parte do verdadeiro montante. — Isso é o mínimo do mínimo - afirma o interventor do Ibama, Elyelson Ayres Souza, que observou não ser capaz de mensurar o real estrago à floresta amazônica. Em valores estimados pelo menos R$ 890 mi já foram perdidos. A tranquilidade dos acusados de envolvimento nos crimes ambientais era tamanha que algumas empresas tinham como endereço, um cemitério, em Sinop.

No dia 2 de junho, data em que Operação Curupira foi desencadeada pela Polícia Federal, havia provas de que pelo menos 431 madeireiras não existiam. Novas irregularidades foram apontadas desde que Elielson assumiu o cargo. — Não podemos afirmar se irão gerar novas prisões mas, certamente, resultarão na abertura de processos internos - informou ele, sem detalhar a que se referem as irregularidades verificadas nos últimos dias. Ayres disse ainda que as descobertas estão em linguagem técnica, por precisam ser traduzidas e então encaminhadas à promotoria federal.

Apesar da prisão de 101 pessoas, inclusive dos gerentes do órgão em Cuiabá, da suspensão das atividades do Ibama, e da análise de cerca de dois mil projetos de manejo rural, o desmate ilegal ainda continua acontecendo no Estado, conforme detectado por satélites na região Norte. (Diário de Cuiabá, 17/06)