Diversidade de anuros de serapilheira em fragmentos de Floresta Atlântica e plantios de Eucalyptus saligna no município de Pilar do Sul, SP
2005-06-20
Resumo: A Floresta Atlântica é considerada um dos mais importantes conjuntos de ecossistemas e apesar de ser caracterizada pela alta diversidade de espécies e elevado grau de endemismo, os conhecimentos acumulados sobre a sua fauna ainda são incipientes. Com a anurofauna poucos estudos enfocam a distribuição, os padrões ecológicos e a utilização de ambientes alterados por ação antrópica.
O Estado de São Paulo apresenta uma extensa área de plantios de Eucalyptus spp, em áreas anteriormente ocupadas por Floresta Atlântica; no entanto, informações de como os anuros de serapilheira utilizam esses ambientes ainda não foram abordadas nessas regiões. O presente estudo foi desenvolvido em um mosaico de remanescentes de Floresta Atlântica e plantios de Eucalyptus saligna na Fazenda João XXIII, localizada no Município de Pilar do Sul – SP, objetivando caracterizar a riqueza, a composição específica e a diversidade de anuros de serapilheira existente na área, incluindo os plantios. Para a coleta dos anuros utilizou-se armadilhas de interceptação e queda com cercas-guias distribuídas em três ambientes – floresta contínua, fragmentos circundados por plantios de E. saligna e os próprios plantios.
Durante os 12 meses de coleta, com um esforço amostral de 1728 armadilhas-dia, foram registradas 23 espécies na área de estudo, das quais seis foram consideradas capturas acidentais; sendo analisados os dados referentes a 1454 capturas. A taxocenose de anuros de serapilheira na Fazenda João XXIII é composta de pelo menos quatro espécies relativamente comuns e nove espécies raras. As espécies com maior abundância relativa em ambientes de floresta nativa foram Crossodactylus caramaschii, Eleutherodactylus guentheri, Bufo crucifer e Adenomera marmorata. Nos plantios de E. saligna, B. crucifer foi responsável por 60,85 % da abundância relativa de espécies. Um total de 18 espécies foi estimado para a localidade; o método utilizado amostrou aproximadamente 94,4 % da riqueza estimada de anuros de serapilheira. No entanto, poucas espécies de lagartos e serpentes foram registradas, indicando que o método é apropriado para a amostragem de anuros de serapilheira, mas deve ser combinado a outros métodos para melhor caracterização da riqueza total de espécies da herpetofauna de serapilheira.
A diversidade de espécies foi semelhante nos dois ambientes de floresta nativa e menor nos plantios de E. saligna. Os resultados obtidos, aliados ao atual contexto de fragmentação e degradação da Floresta Atlântica, demonstram que os plantios de E. saligna na Fazenda João XXIII, se devidamente manejados, podem ser localmente importantes para a conservação de anuros de serapilheira, visto que o ambiente parece ser utilizado como hábitat por muitas das espécies registradas em ambientes florestais, ainda que em menor abundância.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP).
Autor: Silvia Helena de Oliveira.
Contato: sholivei@carpa.ciagri.usp.br