Avanço tecnológico cria ameaça ambiental
política nacional de resíduos
lixo tecnológico / eletrônico
2005-06-16
O que você pretende fazer com seu celular quando ele passar desta para melhor? Sem informação, alguns cidadãos simplesmente decidem jogá-los no lixo doméstico. Não se dão conta de que, assim como todo lixo proveniente de equipamentos eletroeletrônicos, os celulares, principalmente os mais velhos provocam sérios danos ao meio ambiente. O descarte de celulares é uma grande preocupação dos ambientalistas. Se somadas apenas duas das principais tecnologias adotadas nos aparelhos, já existem em circulação no mundo algo em torno de 1,5 bilhão de celulares. Somente no primeiro trimestre deste ano foram vendidos 180,6 milhões de aparelhos celulares em todo o mundo. É quase a população brasileira, composta por mais de 183 milhões de pessoas. Se as expectativas da indústria se concretizarem, este ano serão vendidos mais de 750 milhões de unidades, contra 674 milhões no ano passado. Ficando só aqui no Brasil: segundo as entidades de defesa do meio ambiente, são produzidas aqui mais de três mil toneladas de celulares por ano. Como a previsão de obsolescência é de, em média, um ano e meio, as três mil toneladas poderão estar jogadas num lixão em breve.
De acordo com a Associação Brasileira das empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), os celulares são confeccionados com grandes quantidades de metais nocivos ao meio ambiente, como a solda usada nos circuitos internos, o arsênio e o cádmio, materiais também usados na fabricação de computadores. O perigo do descarte inadequado está na contaminação do solo e dos lençóis freáticos.
Por sorte, a maioria dos fabricantes de aparelhos assinaram um acordo voluntário com o programa de meio ambiente da ONU se comprometendo a arranjar formas de reciclagem de componentes dos telefones celulares que poderiam ir parar no meio ambiente. Por conta disso, é possível entregar os aparelhos às fabricantes, através de pontos de coleta ou assistências técnicas. - O descarte de celulares no Brasil ainda não é um problema tão grande porque a maior parte dos aparelhos está em circulação, mas a tendência é as pessoas trocarem cada vez mais rápido de aparelhos em espaços cada vez mais curtos de tempo. Em alguns anos, isso pode se tornar um problema - diz Sílvio Stagni, vice-presidente da Sony-Ericsson Brasil.
Só nos Estados Unidos existem, atualmente, segundo a Environmental Protection Agency (EPA), agência americana de proteção ambiental, mais de 500 milhões de celulares quebrados/obsoletos ou não usados. Enquanto isso, só em território americano, a cada ano, mais de 130 milhões de aparelhos chegam ao fim de sua vida útil. Isso equivale a nada menos que 65 mil toneladas de lixo. Desse total de equipamentos descartados, apenas 2% são reciclados e/ou recondicionados. Neste caso, na maioria das vezes eles são enviados para reutilização em (adivinha!) países de terceiro mundo - em sua maioria, países da América Latina e Ásia. Nem é tão original assim, não é? Isso já aconteceu muito no mercado de PCs. (A Notícia, 15/06)