Aprovada lei que limita desmatamento em possíveis reservas
2005-06-16
O Senado aprovou nesta quarta-feira projeto de conversão que impõe limitações administrativas temporárias em áreas destinadas à conservação ambiental. A medida é considerada fundamental pelo Ministério do Meio Ambiente para conter o desmatamento na Amazônia. As regras já estão em vigor por meio da Medida Provisória 239, e agora, com aprovação da proposta, passarão a ter valor de lei com a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto.
Segundo o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), o projeto estabelece que, durante sete meses, as matas em áreas que serão transformadas em reserva ambiental não poderão ser derrubadas até a conclusão do processo de consulta pública destinado a criação das áreas de proteção. A MP foi editada por Lula a pedido do Ministério do Meio Ambiente (MMA) por causa da constatação de que o movimento de devastação sofria aceleração no momento em que se anunciava o início do processo para a criação das reservas. O projeto foi aprovado por 47 votos favoráveis e um contrário. Houve uma abstenção. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez questão de falar, por telefone, com líderes do governo e da oposição e agradecer pelo apoio à proposta.
De acordo com o texto, o governo institui a tutela do Estado por meio da imposição de limitações administrativas em áreas em que se considerar que há interesse ecológico. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a proposta não impede o desenvolvimento regional, porque as regras tornam apenas mais eficaz a atuação do Estado quando da preservação de áreas públicas ou privadas em unidades de conservação.
O Ministério diz ainda que a medida provisória respeita o direito de propriedade e leva em conta a definição de regras para indenizações em casos de desapropriação de áreas privadas. Depois da edição da medida provisória, o presidente Lula assinou um decreto possibilitando a interdição administrativa de 8,2 milhões de hectares ao longo da rodovia BR-163, no Pará, a fim de permitir a realização de estudos para a criação de unidades de conservação ambiental.
Na avaliação do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, que é do Amazonas, a medida é importante para se fazer justiça à Amazônia. - É uma medida justa. Venceu a visão estratégica. O desmatamento na Amazônia põe em risco a soberania nacional - afirmou Virgílio. E completou: - A Amazônia é um bem econômico, não se pode pensar apenas a curto prazo. (Estadão, 16/06)