A difícil batalha pelo uso do gás natural nos Estados Unidos
2005-06-16
Desde que o século 19 delineou o uso do carvão e do petróleo como combustíveis para o século 20, as pessoas e a própria indústria energética passaram aos poucos a reagi a esta idéia, anunciando as possibilidades do gás natural. Mas a batalha pelo uso efetivo do gás natural nos Estados Unidos não parece ser fácil no Congresso. Empresas de energia internacionais, a administração Bush e países ricos em gás natural estão agressivamente promovendo a criação de um mercado global de gás, com os Estados Unidos projetados como o centro enquanto maior importador. A idéia é promover uma fonte energética menos poluentedo que o petróleo e com crescimento econômico sustentável.
Ao mesmo tempo em que o petróleo começou a escassear já no final dos anos 60, e veio diminuindo como alternativa energética, os Estados Unidos reduziram também a sua produção de gás natural. Para preencher esse vazio, grandes quantidades de gás terão que ser importadas pelo país, em forma líquida, chegando em tanques às costas norte-americanas ou em qualquer ponto da América do Norte.
Como o petróleo, as amplas reservas de gás natural são encontradas em países distantes como Qatar, Irã, Rússia, Angola, Yemen e Argélia. A competição por projetos que desenvolvam a indústria do gás, nesses países, está sendo frenética. Mas, nos Estados Unidos, há resistências a este tipo de investimento. Oficiais em alguns Estados onde as empresas de energia planejam construir terminais para receber o gás, como Alabama, Califórnia, Maine, Massachusetts, Nova Jersey, Nova York e Rhode Island, afirmam que podem se tornar alvos fáceis de explosões acidentais ou ataques terroristas. O presidente Bush, tentando manobrar a situação, endossou legislação que atualmente está sendo debatida pelo Senado, que permitiria o governo federal fazer leis à revelia dos Estados.
–O congresso deve tornar clara a sua autoridade para a Comissão Regulatória Federal de Energia a fim de escolher os locais para novos terminais, assim poderemo expandir nosso uso de gás natural liquefeito, afirmou Bush, em abril último. Mas ele enfrenta uma briga no Congresso também. Diversos senadores, incluindo Dianne Feinstein, Democrata da Califórnia, estão apoiando uma emenda para se opor à Comissão Regulatória Federal de Energia.
O secretário da comissão, Patrick Wood III, disse a oficiais da indústria energética em fevereiro, em Houston, no Texas, que esperava pelo menos oito novos termianis para gás natural liquefeito (GNL), de forma que os mesmos fossem construídos até 2010 no país. Atualmente existem quatro terminais- na Georgia, Louisiana, Maryland e Massachusetts - construídos entre os anos 60 e 70. (NY Times, 15/6)