Interventor do IBAMA defende moratória do desmatamento no Mato Grosso
2005-06-15
O interventor do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Mato Grosso, procurador federal Elielson Ayres de Souza, defendeu no início da noite desta terça-feira (14/06) ser favorável à moratória do desmatamento no estado do Mato Grosso, por pelo menos seis meses. Ele participou da audiência pública sobre a Operação Curupira, da Polícia Federal (PF), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Biopirataria, que ouviu várias pessoas, entre as quais o presidente do IBAMA, Marcus Barros, e confirmou que continua apurando outras fraudes de menor extensão envolvendo funcionários do Instituto no Mato Grosso.
Segundo Elielson Ayres de Souza o grupo preso pela Operação Curupira, da Polícia Federal (PF), sob acusação de extração e transporte ilegal de madeira atuava há mais de dez anos. O procurador federal destacou, ainda, que recebeu a denúncia em 2001. As informações foram encaminhadas ao Ministério Público, mas o caso não teve prosseguimento. Por fim, disse que neste ano retornou ao Mato Grosso e pôde retomar o assunto. Elielson Souza garantiu que o presidente do Ibama pediu que nenhum funcionário do órgão envolvido com corrupção fosse poupado. Segundo o interventor, outros servidores poderiam ter sido presos, mas o Ibama não teria como operar se isso ocorresse.
Inocente
Depondo um pouco mais cedo, o presidente do IBAMA, Marcus Barros, garantiu que não acredita na culpa do ex-diretor de florestas do órgão Antonio Carlos Hummel. O ex-diretor foi preso no início do mês pela Polícia Federal (PF) na Operação Curupira. Ele é acusado de envolvimento na exploração ilegal de madeira no Mato Grosso. Segundo Barros, Hummel não apresenta sinais de riqueza, além do que permite seu salário de funcionário do Ibama. A PF, de acordo com o presidente, também teria grampeado o ex-diretor, mas não encontrou nada contra Hummel. O ex-diretor, ao contrário, teria bons precedentes, inclusive histórico de combate a focos de corrupção no Ibama do Pará. - Se for provado que Hummel é inocente, vou ter o prazer de reconduzi-lo à diretoria da qual foi afastado - afirmou.
Corrupção
O mesmo pensamento de Barros não se aplica ao ex-gerente executivo do Ibama em Cuiabá (MT), Hugo Werle, também preso na Operação Curupira. O presidente do Ibama acredita que ele tenha sido contaminado pelo vírus da corrupção. De acordo com Marcus Barros, Werle, sim, apresenta sinais de riqueza ilícita e teria negociado propina para si com madeireiros do Mato Grosso.
O presidente concluiu que o Ibama está examinando todos os planos de manejo florestal em vigor no Mato Grosso e as autorizações para desmatamento concedidas. O órgão também suspendeu, até 1º de julho, o fornecimento de Autorizações para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs). Os servidores que operavam o sistema de controle no estado foram descredenciados e a gerência executiva estadual está sob intervenção até agosto. (Eco Agência, 15/06)