ONG defende causa de índios capixabas na Alemanha
2005-06-15
A ONG alemã Hobin Hood está mobilizando a população para boicotar o consumo de papel toalha produzido com celulose da Aracruz. Os ambientalistas fazem campanha nas portas das lojas e pontos de venda do material. Denunciam que as empresas Procter & Gamble e Kimberly, que compram os insumos da Aracruz Celulose, importam de uma empresa que toma terras dos quilombolas, índios e pequenos produtores rurais. Exigem que estas empresas sejam cobradas por isso. Estes produtos são de grande consumo na Alemanha, vendidos em redes de supermercados e até farmácias.
Segundo Marcelo Calazans, da Rede Alerta Contra o Deserto Verde, representantes da Hobin Hood estiveram no Espírito Santo no início do ano. Constataram a apropriação das terras pela Aracruz Celulose e a destruição ambiental, social e econômica que os grandes plantios de eucalipto promovem.
Com a autodemarcação pelos índios de 11.009 hectares em poder da Aracruz Celulose (no total, a Fundação Nacional dos Índios reconhece que os tupiniquins e guaranis do Espírito Santo tem 18.070 hectares no Estado), realizada no mês passado, a ONG alemã começou o protesto. As manifestações devem durar até que as terras indígenas estejam oficialmente demarcadas.
A Aracruz Celulose também foi objeto de ação de ONGs norueguesas, que lhe concederam o título de empresa mais suja do ano.
Apoio contra usurpação de terras
O apoio internacional à luta contra a usurpação das terras pela Aracruz Celulose também mobiliza organizações com sede na América Latina, como o WRM - World Rainforest Movement , o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais -, que tem secretaria no Uruguai. Também expressaram solidariedade aos índios os representantes da Confederacion de Nacionalidades Indígenas del Ecuador (Conaie); Nacionalidades de Los Pueblos Kichua del Ecuador, Acción Ecológica (Ecuarunari) e a Fundación de Defensa Ecológica (FUNDECOL), entre outros.
No Brasil, os índios receberam apoio de mais de 100 entidades. Estas, no IV Encontro Nacional da Rede Alerta contra o Deserto Verde, realizado no início deste mês, aprovaram resoluções contra a Aracruz Celulose. (Século Diário, 14/6)