Transgênicos: O Brasil mudou de lado
2005-06-14
O ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) venceu mais uma queda-de-braço com a colega Marina Silva (Meio Ambiente). Durante reunião dos países signatários do protocolo de biossegurança, realizada no Canadá na primeira semana de junho, a delegação brasileira rejeitou a proposta que estabelecia regras para a identificação de grãos transgênicos negociados no mercado internacional.
Apresentada pela delegação suíça, a proposta em discussão era considerada um meio-termo entre o desejo de ambientalistas e dos comerciantes. Ela estipulava que os países vendedores identificassem as características dos grãos transgênicos quando elas fossem conhecidas. Se a origem do produto fosse incerta, vigoraria a rotulagem pode conter transgênicos. Em ambos os casos, a identificação caberia aos exportadores e não aos importadores. Sob o argumento de que a adoção da medida tiraria competitividade das exportações, o Brasil rejeitou a proposta. Entre quase 80 países signatários, apenas a Nova Zelândia adotou postura semelhante. Sem um consenso, a rotulagem de grãos transgênicos continua sem regras e o ônus de identificar os produtos fica a cargo dos importadores.
Um comércio de transgênicos sem regras interessa aos Estados Unidos, Canadá e Austrália. Ao unir-se a esse grupo, o Brasil virou as costas para velhos aliados no G 77, que se sentiram desconfortáveis com o voto do País. A posição da delegação brasileira nasceu de acertos entre representantes da Agricultura e da Casa Civil. O Ministério do Meio Ambiente ficou de fora do debate. (Carta Capital, 13/06)