Tráfico de animais movimenta U$$ 20 bi
2005-06-14
O tráfico de vida silvestre, incluindo flora, fauna e seus produtos e subprodutos, é considerado a terceira maior atividade ilegal do mundo, só ficando atrás do comércio de armas e drogas. Não há exata dimensão deste mercado, mas estima-se que movimente anualmente de U$$ 10 a 20 bilhões em todo o mundo. Só o Brasil é responsável por cerca de 5% a 15% deste total, com o tráfico ilegal resultando na retirada anual de 12 milhões de espécimes da natureza no País.
O levantamento foi feito pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), com base nos dados oficiais das apreensões de fauna silvestre realizadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A Renctas é uma instituição sem fins lucrativos que tem por objetivo aglutinar os setores público e privado e a sociedade civil organizada no sentido de elaborarem ações e estratégias contra o comércio ilegal da fauna brasileira.
O número de animais retirados da natureza é muito maior do que o disponível para comercialização, devido às perdas que ocorrem durante o processo de captura e venda. Acredita-se que para cada produto animal comercializado são mortos pelo menos três espécimes; e para o comércio de animais vivos esse índice é ainda maior. De cada dez animais traficados, apenas um sobrevive. Mesmo assim, o negócio movimenta cerca de R$ 2,5 bilhões por ano no mercado brasileiro, com a venda de aproximadamente 4 milhões de animais silvestres.
Até o ano passado, só Ibama e Polícia Ambiental tinham autonomia para atender questões relacionadas à fauna. Por falta de pessoal, foram criadas parcerias com os órgãos ambientais dos municípios. De acordo com o chefe do escritório regional do Ibama em Itajaí, Márcio Burgonovo, a partir da criação de uma equipe de fiscalização especializada na área de fauna pela Fundação Municipal do Meio Ambiente de Itajaí (Famai), o Ibama ganhou um aliado. — Estamos numa localidade tipicamente açoriana e, até por questões culturais, é costume do povo ter um pássaro preso em casa. Mas as pessoas, muitas vezes, não se preocupam em checar a legalidade do animal que estão adquirindo - ressalta Burgonovo.
Boa parte dos animais silvestres apreendidos no litoral Norte do Estado é encaminhada para o Parque Ecológico Rio Camboriú, em Balneário Camboriú, antes de serem reintegrados à natureza. Por meio do Projeto Mare - Monitoramento, Auxílio e Recuperação da Fauna Marinha e da Mata Atlântica - o local abriga um centro de recuperação para atender estes bichos. Conforme o coordenador do departamento de desenvolvimento social do parque, Eduardo Cartamil, desde 2002, quando iniciou-se o trabalho de recuperação, já foram realizados mais de 1.200 atendimentos de animais de variadas espécies, como tartaruga, elefante-marinho, leão-marinho, foca-caranguejeira, pingüim, gaivota, albatroz, jabuti, tamanduá-mirim, garça e jacaré-de-papo-amarelo. Mais de 90% são recuperados e devolvidos ao seu habitat natural. O centro conta com uma sede, sete viveiros e um pronto-socorro. Atualmente, são tratados cerca de 35 animais no local, entre pássaros, jabutis e macacos. (A Notícia, 13/06)