Dunas da Sabiaguaba (CE) ameaçadas por trilheiros
2005-06-14
Uma das últimas dunas fixas da Região Metropolitana de Fortaleza, as
dunas da Sabiaguaba, estão ameaçadas de extinção pela ação predatória de
motoristas de bugues e camionetes 4X4 que insistem em fazer trilhas em
suas encostas. No último sábado, dia 11/06, uma blitz da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente e Controle Urbano de Fortaleza (Semam),
juntamente
com membros da comunidade, da Associação dos Amigos da Sabiaguaba
(Amis), do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC),
representante do Fórum da Zona Costeira do Ceará, da Associação
Alternativa Terrazul e ambientalistas expulsou do local cerca de 50
bugueiros
e camionetes que faziam trilha no local.
O titular da Semam, Pedro Ivo de Souza Batista, que compareceu ao local
juntamente com assessores e uma tropa de choque da Guarda Municipal,
além de três batedores da AMC, garantiu que a Secretaria do Meio Ambiente
vai dar respaldo aos anseios da comunidade no sentido de preservar o
local e suas belezas naturais. Pedro Ivo acredita que é possível
conservar a atividade turística sem degradar o meio ambiente pela ação
predatória causada por motoristas que insistem em passear com seus possantes
automóveis por cima das dunas. A exemplo de Natal, no Rio Grande do
Norte, a Prefeitura pode ser obrigada a colocar obstáculos nas passagens
para as dunas, como ocorreu na capital Potiguar, que fez uma cerca de
proteção para impedir a passagem de pedestres para o Morro do Careca.
Segundo Luciana Medeiros, da Amis, a Sabiaguaba é uma reserva
estratégica de água mineral subterrânea, que ajuda a amenizar o clima da
cidade
de Fortaleza, dando sustentação a uma diversificada fauna e flora. Além
disso, a duna exerce o papel da zona costeira contra a erosão,
integrando-se diretamente com o ecossistema do manguezal e dando suporte às
atividades de lazer da comunidade que vive e que visita aquela área. As
dunas, segundo a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)
n° 341/2003, são consideradas áreas de preservação do Meio Ambiente,
por isso, provocar danos ou contribuir para sua degradação é considerado
um crime ambiental, tanto quanto o tráfico de animais silvestres, por
exemplo.
Outra obra que incomoda os ambientalistas de Fortaleza, é a construção
da ponte sobre o Rio Cocó, que une a praia do Futuro à praia da
Sabiaguaba, cuja construção teve início na gestão do prefeito Juraci
Magalhães
e que está parada desde que a prefeita Luizianne Lins assumiu, em
janeiro último. A construção da ponte, com a conseqüente abertura de novas
estradas e asfaltamento naquela área causarão um grande impacto
ambiental, como a diminuição dos peixes e degradação dos mangues.
A manifestação terminou com um abraço simbólico nas dunas e de
solidariedade entre os participantes, que se deleitaram com o lindo pôr do
sol
sobre a silhueta de concreto da cidade, que ainda pode ser apreciado do
local. Vista que está ameaçada de ser apreciada se a ação predatória de
motoristas continuarem a danificar as dunas da Sabiaguaba.
Os caminhos da sustentabilidade
Ao dar um abraço simbólico nas dunas por meio de um abraço entre si, os
manifestantes apontaram alguns caminhos para um turismo sustentável no
local. Luciana Medeiros, da Amis, deixou claro que a Associação não é
contra o turismo e o lazer das pessoas, mas explica que isso pode ser
feito sem prejuízo para o meio ambiente. Ela deixa claro para os membros
da comunidade que dependem do turismo para a sua sobrevivência, que
essa atividade, para ser permanente, precisa ser feita de forma a
preservar o local. Edilene Américo, do Fórum da Zona Costeira, considera
importante que seja feito um trabalho de educação da comunidade,
principalmente para as crianças, para que elas compreendam a necessidade de
preservação das dunas e o que significa turismo ecológico e ambiental.
Pedro Ivo declarou que a Agenda 21 de Fortaleza poderia começar pela
Sabiaguaba para ajudar a comunidade na sua luta para preservar aquela
área. A Agenda 21, um programa de ação proposto durante a Conferência das
Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92, no Rio
de Janeiro, assinada pelo Brasil e outros 170 países, constitui um
instrumento para implementar um modelo de desenvolvimento sustentável,
criado para ajudar a formular políticas públicas voltadas para garantir a
sustentabilidade econômica, social e ambiental dos projetos de
desenvolvimento. Trata-se, portanto, de um instrumento fundamental para a
construção da democracia ativa e da cidadania participativa.
(fonte: Terrazul)