Pegada Ecológica é nova medida do consumo sobre o Planeta
2005-06-13
A capacidade de suporte do Planeta Terra está esgotando. Os limites foram extravasados em 1986. Hoje, usamos 20% a mais do que o Planeta tem condições de repor. Para 2050, a previsão é de que, nós, terráqueos, utilizaremos de 80 a 130% a mais do que o Planeta pode nos dar. Ilusão? Ciência? De acordo com Antônio Libório Philomena, doutor em Ecologia e perito em Valoração Ambiental e Análise Sistêmica de Projetos, da Fundação Universidade de Rio Grande, os dados e previsões refletem a chamada Pegada Ecológica.
A Pegada Ecológica é um instrumento novo, que mede o quanto utilizamos de florestas, da agricultura, de energia, dos oceanos e de infra-estrutura urbana, incluindo as áreas necessárias para absorver o lixo produzido. - No processo de crescimento das cidades, estamos destruindo os pântanos e aterrando os banhados - diz Philomena, ao citar a cidade gaúcha de Rio Grande, onde 30% da área urbana é aterrada. Em Rio Grande, compara, a Pegada Ecológica é mais pesada do que, por exemplo, em Ipê, na Serra Gaúcha, que tem um perfil mais rural e menos degradante. - Existe muita desigualdade entre as cidades e os problemas não são apenas políticos, mas de limites físicos - explica. - A natureza nos provê tanta riqueza, de graça, e nós danificamos até mesmo as funções vitais dos ecossistemas, emitindo cada vez mais dióxido de carbono e lançando produtos químicos no solo e na água - analisa Philomena, ao enfatizar que a natureza não aumenta, só se substitui.
Impactos
O que tem aumentado em ritmo estonteante é a população brasileira. - Ao contrário das estatísticas, o número de habitantes no Brasil tem crescido, assim como a tendência de se utilizar cada vez mais energia não renovável, como petróleo e carvão - lamenta Philomena. Para ele, o aumento da população torna a nossa Pegada Ecológica mais pesada, pois o consumo dos recursos naturais é maior e mais impactante. A comprovação está nos dois hectares de terra que cada brasileiro tinha ou podia ter como Pegada Ecológica em 1998. Hoje, apenas sete anos depois, nossa Pegada Ecológica diminuiu para 0,8 hectares de área por pessoa. Em sua participação no painel O ser humano e a capacidade de porte do Planeta Terra, realizado na última quinta-feira, dia 9, em Porto Alegre, durante a 21ª Semana do Meio Ambiente, Philomena destacou que, em Ecologia, estamos defasados uns 20, 30 anos. Isso porque trabalhamos com quantidade, quanto deveríamos pensar mais em qualidade.
O perito cita a falta de informação como um obstáculo para reduzirmos nossa Pegada Ecológica. (Ecoagência, 10/06)