Conselho Missionário traça perfil dos indígenas gaúchos
2005-06-13
A realidade das reservas indígenas reconhecidas no Estado, formadas por índios remanescente das tribos guaranis e caingangues, estará em debate de hoje até dia 17 na Capital. Especialistas de diversos estados brasileiros querem traçar um perfil dessas comunidades, estimadas em 1.600 índios guaranis e 23 mil caingangues espalhados pelo solo gaúcho. - A preocupação é resgatar e garantir os direitos desses povos, assegurados por lei federal - informou Roberto Liebgott, diretor do Conselho Missionário Indigenista do Estado (Cimi), entidade que organiza o evento.
A polêmica envolvendo caingangues e o município de Porto Alegre, que inclusive resultou em desentendimento e agressão ao secretário do Meio Ambiente, Beto Moesch, por causa da Reserva do Morro do Osso, foi incluída na pauta do evento, já que o Cimi deseja uma solução harmônica para o caso. Além desse tema, na Casa de Retiro Belém Velho, zona Sul da cidade, onde ocorre o evento, entrarão em pauta questões previamente elencadas, como saúde, educação, economia e alimentação. O aumento de índios perambulando pelas ruas da Capital, vendendo artesanato ou mendigando, embora nenhuma associação forneça dados oficiais, também estará na pauta. O fato não passa despercebido ao Cimi, em especial pelo fato de muitas índias serem verdadeiras meninas-mães, que mendigam nas principais ruas centrais. — É difícil reverter esse quadro porque os índios mais próximos do perímetro urbano estão vindo para a Capital em busca de sobrevivência e melhores condições para as suas famílias-, enfatizou o dirigente do Cimi.
O Cimi é um órgão anexo à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e foi criado para orientar os povos indígenas, na década de 70, que estavam na iminência de perder suas áreas. Liebgott disse que dois artigos (231 e 232) da Constituição Federal determinam que os povos indígenas tenham tratamento diferenciado, — respeitando a cultura e a tradição dos índios-. Mas a realidade é que, até agora, poucas políticas públicas foram apresentadas na esfera federal para melhorar a situação dos índios, revelou o dirigente. Atualmente, os caingangues estão situados no perímetro urbano de Porto Alegre e os guaranis, no entorno da Capital e também no interior do Estado. Os guaranis reivindicam a demarcação de 22 áreas no RS, enquanto os caingangues reivindicam a Lomba do Pinheiro e o Morro do Osso. (CP, 13/06)