Kirchner e Lagos avaliam possibilidade de importar gás do Peru
2005-06-10
O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, repune-se nesta Sexta-feira (10/6) com seu colega chileno, Ricardo Lagos, para analisar a crise energética regional que se desencadeou devido à situação da Bolívia. Os dois chefes de Estado irão analisar a possibilidade de importação de gás natural do Peru para atender a demanda de seus países.
A reunião estava agendada há vários dias, mas agora adquiriu especial relevância em razão dos conflitos que sacodem a Bolívia e que colocaram em risco a oferta de gás daquele país para a Argentina e para o Brasil. Além de advogar uma pronta resolução para a crise boliviana, Kirchner confirmou, ontem (9/6), em Santa Fé, que avaliará com Lagos a viabilidade investir em um novo gasoduto que permitirá trazer gás natural do Peru ao Chile e à Argentina.
Consultado sobre o destino do Gasoducto do Noroeste – cuja construção havia acertado com o presidente da Bolívia, Carlos Mesa, en dezembro – Kirchner sustentou que os investimentos estão firmes. Não obstante, admitiu que devido à crítica situação boliviana, agora será estudado, com Lagos, a alternativa de um gasoduto que chegaria ao Peru para abastecer os dois países.
O ministro da Planificação argentino, Julio de Vido, se reunirá em Buenos Aires com seus pares da área de Energia do Chile, Brasil, Peru e Uruguay para analisar detalhes técnicos e econômicos do projeto que começou a tomar forma nas últimas semanas. O projecto original havia sido desenhado pela empresa belga Tractebel, que opera o Norandino, um dos sete gasodutos que existem na Argentina e no Chile. O plano da Tractebel apontava para reforçar seus envios para a região norte do Chile, com um novo gasoduto do Peru, que iria levar 5 milhões de metros cúbicos diários.
Mas ante o aumento da crise boliviana, o ministro da Economia e Energia do Chile, Jorge Rodríguez, elaborou um plano mais amplo, com a finalidade de importar 30 milhões de metros cúbicos diários para abastecer não apenas o seu país, mas também a Argentina, o Brasil e o Uruguai. O projeto em jogo agora requer um investimento de aproximadamente US$ 2 bilhões para a construção de um gasoduto entre Camisea e o norte do Chile. De lá, o gás passaria para a Argentina pelos gasodutos existentes, os quais estariam conectados com a rede nacional que permite redespachar o combustível ao Brasil e ao Uruguai. (Clarín, 10/6)