Oceanos precisarão de pelo menos cem mil anos para absorver excesso de CO2
2005-06-10
Os oceanos poderão necessitar de uns cem mil anos para absorver o excesso de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera conseqüência das emissões de combustíveis fósseis, segundo os resultados das investigações de um grupo internacional de cientistas. Eles calculam que esse tempo foi precisamente o requerido para a recuperação da normalidade na Terra há 55 milhões de anos, quando também ocorreu uma situação de aquecimento global extremo.
Os cientistas comprovaram que no começo da época conhecida como Máximo Termal Paleoceno-Eoceno (PETM), há uns 55 milhões de anos, produziu-se uma mudança abrupta na química oceânica. Isto se depreende dos resultados de análises dos sedimentos marinhos recuperados de diferentes níveis nas profundidades dos oceanos e que serviram de base para a investigação.
Segundo o professor de Ciências da Terra da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, James Zachos, diretor deste estudo que está sendo publicado na revista Science, são necessários dezenas de milhares de anos para a eliminação do dióxido de carbono da atmosfera. Além dos cientistas norte-americanos, também participaram das pesquisas especialistas de universidades da Holanda, Alemannha e Itália.
Quando o CO2 se dissolve na água, ela se torna mais ácida, e essa acidez vem-se expandindo desde a superfície até a profundidade, recordam os especialistas.
Conforme os especialistas, os oceanos, no PETM, adquiriram uma acidez muito mais severa do que se pensava inicialmente, o que faz crer que a quantidade de CO2 na atmosfera desencadenante do aquecimento global foi muito maior que o esperado. Para Zachox, no PETM pôde-se dar uma massiva liberação de metano de depósitos gelados nas profundidades do oceano, nas proximidades das margens dos dois continentes. O metano teria reagido com o oxigênio, provocando a formação de enormes quantidades de dióxido de carbono, que haveriam elevado as temperaturas no PETM.
Naquele momento, as temperaturas globais médias aumentaram uns nove graus Fahrenheit (cinco graus Celsius), o que causou mudanças drásticas na vida das plantas e dos animais, tanto terrestres como marinnhos, segundo confirmam os restos de fósseis analisados.
Estimativas prévias a este estudo sobre o possível volume de emissões de gases de efeito estufa que foi emitido para a atmosfera durante o PETM estavam em torno de 2 bilhões. (Agência EFE, 10/6)