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2005-06-10
O município de Lábrea, no sudoeste do Amazonas, está em nono lugar na lista dos que mais desmataram a floresta amazônica entre agosto de 2003 e agosto de 2004, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). — O grande problema lá é pressão do agronegócio, que vem principalmente de Rondônia - explicou Henrique Pereira dos Santos, gerente-executivo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas, em entrevista coletiva concedida ontem (9/6) em Manaus. Apesar de ter diminuído em 39% sua área total desmatada, desmatou 87% a mais que no período anterior: a área desflorestada foi de 175 km² para 328 km².

Para Henrique, a pressão econômica é o principal fator de destruição da floresta. — Eu até me arrisco a dizer, em uma análise bem pessoal, que a febre aftosa contribui para diminuir o desmatamento no Amazonas. Sem poder vender carne, ninguém vai derrubar a floresta para criar gado. Antes nosso guardião era o mosquito da malaria, agora pode ser o vírus da febre aftosa-, brincou ele. Em 2004, foi identificado um foco de febre aftosa no município do Careiro da Várzea, no Amazonas – o que gerou uma barreira sanitária no estado.

Outro exemplo citado pelo gerente-executivo do Ibama para ilustrar o conflito de modelos de desenvolvimento entre o agro-negócio e o uso sustentável da floresta é o da Reserva Biológica (Rebio) Campos Amazônicos, no sul de Manicoré – sul do Amazonas, fronteira com o Mato Grosso. — Não estamos conseguindo criar essa unidade de conservação, por pressão dos produtores de soja. Em 2001, quando fizemos o estudo para propor a Rebio, excluímos do projeto as áreas que estavam ocupadas por fazendeiros desde 1997. Mas hoje 23 novos empreendimentos de produção de grãos já foram instalados na estrada do Estânio, dentro da área pretendida, lamentou Henrique.

O Amazonas foi o segundo estado que mais reduziu o desmatamento entre agosto de 2003 e agosto de 2004 e está em quarto lugar entre os que mais aplicaram multas. Dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que a área desmatada no estado foi reduzida em 39%, uma queda menor apenas que a de Tocantins (44%).

Em 2004, foram lavrados no Amazonas 790 autos de infração (o equivalente a mais de R$ 80 milhões de reais em multas). Número inferior apenas ao de Rondônia (1.587 multas), Mato Grosso (1.470 multas) e Pará (1.395 multas) – estados que, juntos, são responsáveis por 89,6% de toda a área desmatada na Amazônia.

— É difícil explicar as causas do desmatamento e os motivos de sua diminuição, mas certamente elas passam pelo fator econômico. Neste sentido, as multas realmente inibem a ilegalidade, porque mexem no bolso do infrator - avalia Henrique. Ele destacou ainda o fato de as multas aplicadas pelo Ibama no Amazonas, em 2003 e 2004, tratarem de uma área de 1.180 km², valor próximo aos 1.054 km² de área desmatada medidos pelo Inpe (referentes apenas ao período de agosto de 2003 a agosto de 2004). (Agência Brasil, 9/6)

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