Operação Curupira: Ex-diretor do Ibama nega fraude e tem apoio
2005-06-09
O ex-diretor de Florestas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Antônio Carlos Hummel negou no dia 7/6, em depoimento à Polícia Federal, seu envolvimento no esquema de corrupção da maior quadrilha especializada em extração ilegal e venda de madeira na Amazônia. Hummel, que se entregou à polícia em Brasília na quinta-feira da semana passada, chegou algemado na PF em Cuiabá, Mato Grosso, e disse que nunca se envolveu em irregularidades com o bando responsável por devastar 43 mil hectares no Estado. Com o rosto coberto, ele disse que está acontecendo um grande equívoco. - Eu não sou autoridade competente para autorizar nenhum plano de manejo. Eu nunca autorizei nenhum plano de manejo no Estado do Mato Grosso - afirmou o ex-diretor do Ibama. De acordo com as denúncias, Hummel teria concedido autorizações irregulares de plano de manejo em áreas indígenas e de conservação ambiental permanente no Estado.
O juiz Julier Sebastião da Silva, que decretou a prisão temporária do ex-diretor do Ibama, argumentou que as interceptações telefônicas realizadas nas investigações demonstram proximidade de relação entre Hummel e os investigados Alex Leonardo de Oliveira e Evandro Vieira Trevisan, acusados de gerar créditos de reposição florestal inexistentes.
Em carta, os servidores do Ibama em Brasília saíram em defesa do ex-diretor que é funcionário do órgão há 23 anos. A carta cita uma série de medidas tomadas por Hummel para evitar a exploração irregular de planos de manejo florestal, a emissão e circulação ilegal de autorizações de desmatamento em terras públicas. De acordo com o texto, os funcionários acreditam na lisura de Antônio Hummel, que desde que assumiu o cargo de diretor, em 2003, sempre se posicionou de forma transparente, corajosa, leal e calcada na ética e nos princípios da exploração racional dos recursos florestais e preservação do meio ambiente.
Na semana passada, o presidente do Ibama, Marcus Barros, afirmou não ter dúvidas da improcedência da acusação de que o diretor de Florestas se beneficiaria financeiramente do esquema de corrupção. - Uma acusação desse porte precisa de dados objetivos. Hummel não é um homem rico, é funcionário público há 23 anos, técnico de alto nível e, por isso, o convidei pessoalmente para assumir a diretoria de Florestas- contou Barros. (Amazônia.org.br, 08/06)