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2005-06-09
As florestas tropicais se reduzirão 1,6% por ano na América Central e 0,5% na América do Sul até 2010, segundo as previsões da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), que atribui o crescente desmatamento ao aumento das explorações de criação de gado. O irreversível dano aos ecossistemas da região é detalhado no primeiro mapa elaborado pela FAO, que mostra a expansão de terrenos para uso na agricultura e de criação de gado nos próximos cinco anos.

Segundo essas projeções, os países da América do Sul perderão até 2010 cerca de 36 milhões de hectares de selva; e os da América Central, 2,4 milhões de hectares, em virtude da expansão da criação de gado, vinculada à crescente demanda de proteínas animais. - O desmatamento provocado pelas grandes fazendas é uma das principais causas da perda de espécies animais e vegetais únicas nas florestas tropicais das Américas do Sul e Central, assim como da emissão de carbono na atmosfera - afirmou Henning Steinfeld, chefe da Subdireção de Informação de Criação de Gado da FAO. Para o especialista, é necessário encontrar com urgência alternativas ao pasto extensivo na América Latina a fim de evitar o enorme impacto causado por essa transformação das florestas tropicais. - Prever as mudanças do uso do solo nos trópicos - assinalou Steinfeld, - pode ajudar os responsáveis políticos a compreender o enorme impacto ambiental desta tendência e desenvolver uma política conservacionista - acrescentou.

A FAO prevê que em 2010 62% da superfície de floresta na América do Sul se destine a pasto, com uma pressão especialmente forte, de mais de 80%, no Equador, na Guiana e na Venezuela. Na América Central, a ampliação dos pastos, calculada em 69% do total relacionado com a poda de florestas, afetará especialmente a cobertura florestal de Nicarágua e Panamá. Na região noroeste da Nicarágua e no centro do Panamá se encontra o denominado Corredor Biológico Mesoamericano, o terceiro espaço em importância mundial por sua biodiversidade, que está ameaçado. Os especialistas da organização da ONU alertam sobre o perigo existente para algumas espécies de árvores, entre elas o mogno no Brasil, e também no Equador, no Peru e na Bolívia. O desmatamento também ameaça seriamente a mata atlântica no leste do Brasil, assim como as últimas florestas da região andina. Também não são poupadas as áreas protegidas, já que na América Central se prevê uma significativa ampliação dos pastos para as florestas da Reserva Maia da Biosfera, situada na região de Petén, na Guatemala, com repercussões na região do parque nacional Laguna del Tigre. Na América do Sul, outros parques sofrem esta mesma pressão, como o de Formações de Tepuyes na Amazônia venezuelana, o de Sierra de la Macarena na Colômbia e a reserva de Cuyabeno na região nordeste do Equador.

Em face dessa situação, a FAO recomenda aos países atingidos que promovam práticas agrícolas sustentáveis, mas admite que a América Latina precisa aumentar sua produção agrícola para impulsionar o crescimento econômico e a segurança alimentar. Para conjugar estes dois fatores, propõe-se o desenvolvimento de explorações agrícolas que promovam a melhora dos pastos, assim como o cultivo de plantas forrageiras e a plantação de árvores. Para os especialistas, esta alternativa oferece maiores benefícios e oportunidades para a conservação da biodiversidade, ao mesmo tempo que o meio ambiente local e global se beneficia mediante a criação de reservas estáveis de carbono. (UOL/ Últimas Notícias, 8/6)

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