Ministério entrega primeiros equipamentos para coleta de CFCs
2005-06-08
O Ministério do Meio Ambiente entrega no dia 10 os primeiros equipamentos
para recolhimento de CFCs (gás de geladeira) no estado de São Paulo. Com as
máquinas, empresas de refrigeração poderão coletar, armazenar e entregar os
gases para regeneração, não permitindo que ocorram vazamentos durante
reparos em refrigeradores domésticos e industriais e balcões refrigerados
antigos, por exemplo.
Os equipamentos são adquiridos com recursos do Fundo das Nações Unidas para
o Ozônio, e serão entregues em regime de comodato. Os CFCs são formados por
cloro, flúor e carbono, e eram amplamente utilizados para refrigeração até
1999, quando o Brasil proibiu seu uso e fabricação. Esses gases são
prejudiciais à Camada de Ozônio quando liberados no meio ambiente.
O repasse dos equipamentos acontecerá na Fiesp - Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo, na cidade de São Paulo, a partir das 10h. Na
solenidade, haverá demonstrações de recolhimento de gases em refrigeradores
domésticos e automotivos. O evento contará com a presença da ministra do
Meio Ambiente, Marina Silva.
Desde julho de 2004, foram treinados 1,5 mil refrigeristas para a correta
operação dos equipamentos, em São Paulo e no Rio de Janeiro, cidades com
grande consumo de gases CFC. Os técnicos estão capacitados para recolher e
substituir o gás de refrigeradores domésticos antigos sem deixar que o gás
escape.
Até 2007, o Ministério do Meio Ambiente e o Senai, com recursos e apoio da
GTZ (Sociedade Alemã de Cooperação Técnica), deverão capacitar até 35 mil
técnicos em todo o País. Para o treinamento, que faz parte do Programa
Brasileiro de Eliminação da Produção e Consumo das Substâncias que Destróem
a Camada de Ozônio, estão sendo investidos US$ 3,7 milhões. Ao todo, o
programa conta com US$ 27 milhões para eliminar os CFCs, de acordo com o
Protocolo de Montreal, do qual o Brasil é signatário.
Depois de recolhido, o CFC usado ou contaminado será comprado das empresas
de refrigeração e enviado para regeneração. O primeiro centro de recuperação
de gases será inaugurado em agosto, em São Paulo. O centro será operado por
uma empresa especializada, que será responsável pela reciclagem e retorno ao
mercado dos CFCs antigos. A recuperação dos CFCs antigos é necessária porque
a eliminação desses gases tem custo muito elevado, e não seria correto
obrigar a população a trocar seus refrigeradores e outros equipamentos.
Gases - Em frigoríficos, freezers, geladeiras e frigobares antigos, o CFC é
usado para retirar o calor e liberá-lo do lado de fora do congelador. O uso
e a emissão desse gás provocou a redução na espessura da Camada de Ozônio em
algumas regiões, principalmente no sul do Planeta. A camada protege a saúde
humana e os seres vivos dos efeitos nocivos dos raios ultravioleta,
funcionando como um grande filtro.
A exposição excessiva à radiação ultravioleta, que ganha força com a
degradação da Camada de Ozônio, é a principal responsável pelo câncer e pelo
envelhecimento precoce da pele. Em função disso, desde 1987 esses gases vêm
sendo substituídos por outras substâncias, como o HFC134A e HCFC22. No
futuro, com a eliminação total dos CFCs em todos os países, o buraco na
camada deverá diminuir ou desaparecer.
Estima-se que ainda estão em uso mais de 30 milhões de refrigeradores com
CFCs no Brasil. São aparelhos fabricados até 1999, quando a produção de
equipamentos com esses gases foi proibida no País. A partir desta data, as
indústrias passaram a substituir os CFCs por substâncias que não prejudicam
a Camada de Ozônio. Essa operação seguiu o determinado em resoluções do
Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente e portarias do Ibama, também de
acordo com o que pede o Protocolo de Montreal.
O Brasil aderiu ao Protocolo de Montreal em 1990 e, desde então, vem
cumprindo e inclusive antecipando as metas para eliminação de substâncias
prejudiciais à camada de ozônio, conforme recomendado pelo acordo global.
Até o ano passado, por exemplo, o País registrou uma eliminação de 82,8% dos
CFCs, 88% dos Halons (usados em extintores de incêndios), 77,3% do
tetracloreto de carbono (usado pela indústria química), 76,3% do brometo de
metila (utilizado principalmente no setor agrícola). O programa brasileiro
de eliminação de CFCs tem contribuído, ainda, para a modernização da
indústria nacional. (Ibama, 06/06/2005)