Faesc participará de audiência pública sobre UCs para proteger araucárias
2005-06-07
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) participará de audiência pública, convocada pela Câmara Federal, hoje (7/6), às 10 horas, em Brasília, sobre a criação de Parques Nacionais no Oeste de Santa Catarina.
A audiência foi solicitada pelo deputado federal Odacir Zonta (PP/SC) e deverá contar com a participação dos prefeitos dos municípios que se inserem no projeto do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
A Faesc estará representada pelo vice-presidente Enori Barbieri. A Federação posiciona-se contra a criação de parques nacionais ambientais no Oeste catarinense nos moldes apresentados pelo MMA e defende a criação de parques públicos privados com conservação e exploração pelos próprios produtores rurais e empresários envolvidos no processo.
Barbieri acrescenta que a Faesc é contrária a maneira unilateral que o MMA vem conduzindo o projeto. — Fomos excluídos deste processo e queremos opinar e decidir juntos o que será melhor não somente para preservar o meio ambiente, mas para garantir que ninguém, em especial os produtores rurais, saiam lesados, justifica.
A Federação também defenderá a redução do entorno da área para Estação Ecológica da Mata Preta (Abelardo Luz), entre 100 a 500 metros (diferente da Lei inicial que determina 10 quilômetros) além de defender a não-criação da Área de Proteção Ambiental das Araucárias, com extensão de 419.000 hectares, atingindo 12 municípios (Abelardo Luz, Água Doce, Ponte Serrada, Passos Maia, São Domingos, Ipuaçu, Faxinal dos Guedes, Vargeão, Vargem Bonita, Ouro Verde, Macieira e Bom Jesus).
Ainda nesta semana, na quarta-feira (8/6), acontecerá audiência no Senado Federal para tratar novamente da criação dos parques nacionais no Sul do Brasil. A Faesc reforçará as reivindicações então apresentada na Câmara Federal. Neste encontro, o senador Osmar Dias (PDT/PR), quem solicitou a audiência, quer explicação da ministra Marina Silva do porque da exclusão das federações de agricultura dos estados de Santa Catarina e do Paraná (Faesc e Faep) no grupo técnico do projeto dos Parques Nacionais.
O MMA deseja criar três unidades no Oeste catarinense. Uma delas é a Estação Ecológica de Mata Preta, em Abelardo Luz, com área de 9.000 hectares, o que corresponde a 9,43% do território municipal. Em Ponte Serrada e Passos Maia, o Ministério quer criar o Parque Nacional das Araucárias com área de 16.824 hectares, além do entorno, abrangendo o território dos dois municípios. Esse parque vai engolir 12,89% das áreas de Passos Maia e 15,79% de Ponte Serrada. Englobando as outras duas áreas, o maior projeto ambiental é a denominada Área de Proteção Ambiental das Araucária, com extensão de 419.000 hectares. Essa APA abrange 4,4% do território catarinense e atinge 12 municípios: Abelardo Luz, Água Doce, Ponte Serrada, Passos Maia, São Domingos, Ipuaçu, Faxinal dos Guedes, Vargeão, Vargem Bonita, Ouro Verde, Macieira e Bom Jesus. Essas áreas integram o bioma Mata Atlântica.
O outro lado
Conforme já noticiado pelo AmbienteJá, para a Federação das Entidades Ecologistas o processo de elaboração das propostas de criação das unidades de conservação foi participativo e contou com representantes de vários segmentos e de todos os municípios envolvidos. As áreas abrigam grandes fragmentos de Mata Atlântica com araucária e outras espécies ameaçadas de extinção. As UCs ficam em uma região sob intensa pressão de exploração florestal e ocupação agrícola. Em abril, por exemplo, o Ibama autuou um proprietário que devastou 600 hectares de mata nativa, para plantio de pinus na região.
. No Paraná, há menos de 0,8% da área remanescente de araucárias, enquanto em Santa Catarina a área varia entre 1% a 2%. O coordenador do Grupo de Trabalho Araucárias Sul, Maurício Savi, disse que enquanto os proprietários defendem a não-criação do Parque Nacional em Ponte Serrada e Passos Maia e a Estação Ecológica em Abelardo Luz, na prática se vê pouca responsabilidade com a preservação. - É cada vez mais urgente a proteção dessas áreas. No atual ritmo de desmatamento, o biólogo prevê a extinção dos remanescentes de floresta de araucária em menos de 10 anos.