Zé da Terreira e seu discurso antropoecológico
2005-06-07
Por Lara Ely
Presente na passeata do Dia Mundial do Meio Ambiente, em Porto Alegre, o músico e ator Zé da Terreira era um dos agitadores do movimento.
José Carlos Paixoto - vulgo Zé - se apresenta como uma pessoa engajada individualmente na luta ambientalista. Parece que o artista tem mesmo postura, porque ao responder sobre o preço de uma aula de percussão, ele disse que o pagamento poderia ser um almoço ou um passe de ônibus. Lá vai o discurso humanista e ecológico do homem em momento de euforia durante caminhada até o Parcão.
— Não tenho carro, ando muito de ônibus ou a pé. Não sou pró-elitista. Tenho postura ecológica e acredito se cada um adotar uma postura individual, algo vai melhorar. Tô puto com a cidade cheia de grades, com os rotweilers nas ruas, com o Guaíba (lago) poluído - desabafa. O tom do lamento justifica ele, por ter que viajar até Ibiraquera (SC) para tomar banho em uma lagoa, enquanto o lago está aí, somente para acolher esgotos. Zé vai além no discurso que chama de antropoecológico : — Nossa utopia está seqüestrada. Os índios tinham um norte, uma cartilha de valores e regras a respeitar. Nós não temos nada, nem direitos nem respeito ao fato de não saber o que podemos fazer - rasga o verbo.
— De acordo com o manual do antroproecologismo , nós organizamos nossas atitudes dentro dos parâmetros da sociedade, mas nossa sociedade vive dentro dos piores parâmetros possíveis. Temos é que humanizar a tecnologia. Temos que anunciar o desconforto, para que, quem sabe assim, alguém perceba que vida pode ser diferente - raciocina.