MP investiga perfuração no Aqüífero Guarani
2005-06-06
Perfurado para tentar resolver o problema de abastecimento de Erechim, que enfrentou racionamento na recente seca, um poço que tenta alcançar o Aqüífero Guarani virou motivo de investigação do Ministério Público desde ontem. A promotoria recebeu representação criminal de um complexo turístico da cidade denunciando irregularidades administrativas e possível dano ambiental. A obra começou com a seca de quatro meses que deixou sem água o município de 96,3 mil habitantes.
Proprietários de um empreendimento turístico, a Cascata Nazzari, que tem piscinas alimentadas por um poço de 800 metros, entraram com a representação. A água que verte no local tem 40°C e alto teor de flúor - adequada para banho, mas imprópria para consumo humano. Num dossiê, o grupo afirma que a empresa que perfura o poço teria sido contratada pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) sem licitação. Segundo eles, também não teria sido feito estudo ou relatório de impacto ambiental nem haveria licença dos órgãos ambientais.
O dossiê, baseado em estudos de geólogos e engenheiros de minas, aponta que a perfuração poderia reduzir a vazão de água no poço que abastece a Nazzari e contaminar as águas subterrâneas, inviabilizando o consumo humano. Estudos mostram que a composição química do aqüífero varia, havendo água com alto índice de salinidade e de flúor.
O poço que está sendo perfurado pela empresa Hidroingá, contratada pela Corsan, está com 480 metros de profundidade e deve levar mais três meses para ficar pronto. O projeto inicial é perfurar 800 metros. O promotor ambiental Cassiano Marquardt Coleta instaurou ontem inquérito para investigar o caso. Como envolve uma questão técnica, ele solicitou análise dos documentos e vistoria no local. A avaliação dos laudos deve estar pronta em duas semanas e, dependendo do resultado, a promotoria ingressará com ação civil pública, podendo pedir a paralisação da obra. (ZH, 04/05)