EMBRAPA E JICA TRABALHAM JUNTAS EM DEZ PROJETOS DE PESQUISA
2001-09-05
A Agência de Cooperação do Japão (Jica) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental) estão trabalhando, juntas, em dez projetos de pesquisa que vão beneficiar os pequenos produtores da região. O investimento total nos estudos é de US$ 11 milhões, sendo que metade vem da agência japonesa e o restante do orçamento da Embrapa. O trabalho em parceria envolve cerca de 50 cientistas do Brasil e do Japão e está dentro do projeto Desenvolvimento Tecnológico para a Agricultura Sustentável na Amazônia Oriental, iniciado há dois anos e com término previsto para 2004. As pesquisas têm como meta o desenvolvimento de novos tipos de frutas típicas da região resistentes a pragas e doenças e com maior produtividade. Parte dos estudos concentra-se também no cultivo de pimenta-do-reino dentro da agricultura familiar. Em relação à pimenta-do-reino, os pesquisadores da Embrapa e da Jica estão analisando o cultivo sombreado por fruteiras como o cajazeiro ou espécies florestais como o paricá. As pesquisas já indicam que, nesse tipo de consórcio a produtividade cai pela metade em relação à pimenta cultivada em área ensolarada que é de três a quatro quilos por planta. Há, contudo, a vantagem de que os custos de implantação da cultura que chega a US$ 5 mil por hectare possam ser reduzidos em mais de 50%. Por isso, esse sistema é indicado para os pequenos produtores. A pesquisadora Maria de Lourdes Duarte diz que, consorciada, a pimenta exige menos adubação e dispensa custos com a cobertura do solo para manutenção de água. Outra vantagem, segundo ela, é que a associação com espécies florestais poderá mudar o perfil da cultura de pimenta-do-reino que, hoje, é feita com o desmatamento da área a ser plantada. Estão sendo feitas pesquisas também para encontrar cultivares de açaí, cupuaçu, acerola, graviola e maracujá com maior produtividade. No caso do açaí, os pesquisadores procuram ainda um tipo de planta que se adapta bem à terra firme. O habitat natural do açaizeiro é a várzea. De acordo com os pesquisadores, com a seleção genética pode-se chegar a açaizeiros que produzam até 25 quilos de frutos por árvore. A açaizeiro nativo produz em média 15 quilos de frutos. Foram avaliadas até agora, 846 plantas de açaí e 25 delas foram selecionadas como boas produtoras de frutos. A expectativa é de que até 2007, a Embrapa possa recomendar pelo menos um tipo de açaizeiro para a produção em larga escala na região. Os pesquisadores da Embrapa estão analisando a possibilidade de consórcio entre as frutas nativas da região. Um dos testes reúne açaí e cupuaçu, duas das mais importantes espécies frutíferas da Amazônia. Os resultados, até agora, indicam que as duas espécies podem conviver bem. O interesse no cupuaçu e no açaí não é por acaso. O valor comercial das duas frutas tem crescido muito. Hoje, de acordo com informações da Embrapa, o Pará já comercializa o açaí em grande escala, o mesmo devendo acontecer com o cupuaçu, em razão da oferta. Há estudos também para desenvolver tipos de cupuaçu resistentes à vassoura-de-bruxa, praga que dizima o cupuaçuzeiro e acaba com a produtividade da planta. A expectativa é de que a cultivar resistente esteja disponível para os produtores a partir do ano que vem. Cultivares de maracujá, acerola e graviola resistentes a pragas e doenças devem estar à disposição até 2005.