Filme sobre efeitos do amianto reacende polêmica em Goiás
2005-06-06
A exibição do filme de Sylvie Deleule, Asbestos – a slow death (Amianto, uma morte lenta) causou polêmica, na última quinta-feira (2/6), durante o VII Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), realizado em Goiás Velho. O deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO) teria solicitado a retirada do cartaz do filme, que ataca a indústria do amianto e contém uma cena onde ele é um dos entrevistados sobre a atuação das empresas do setor. Caiado teria ficado descontente com a edição de sua fala, que comprovaria sua ligação com o setor do amianto. Por isto, segundo informações da imprensa local, ele teria pedido à organização do festival para que o filme não fosse exibido. O presidente da Agência de Cultura Goiana Pedro Ludovico Teixeira (Agepel), Nasr Chaul, confirmou à reportagem do Diário da Manhã, de Goiânia, ter recebido, na terça-feira passada (31/5), um indignado telefonema do deputado.
Segundo Chaul, Caiado demonstrou insatisfação com a produção e estava muito nervoso. O presidente da Agepel, porém, negou que o deputado tenha pedido a censura do filme: –A fala do deputado foi no sentido de indignação, afirma. Ele teria questionado–Como é que estrangeiros vão à minha cidade para me difamar? No entanto, o próprio Caiado, por meio de sua assessoria de imprensa, negou qualquer contato telefônico feito com o presidente da Agepel, e afirmou que em nenhum momento tentou interferir a exibição do filme.
Já a diretora de Asbestos, Sylvie Deleule, defendeu sua obra: –Eu acho que ele (Caiado) se sentiu em perigo. Não há nada demais no filme. Eu sou apenas uma pessoa muito otimista com relação ao banimento do amianto, afirmou a diretora. Ela também assumiu toda a responsabilidade sobre a montagem do filme. –Não fui eu que o entrevistei pessoalmente. Tenho uma equipe trabalhando no Brasil e claro que nós preparamos tudo junto: as entrevistas, as fontes. Eu sabia tudo sobre o que estava acontecendo aqui, explicou.
O documentário retrata casos onde a extração e a utilização do amianto teriam causado contaminação e danos à saúde de pessoas no Brasil, no Canadá e na Europa.
Conforme a engenheira Fernanda Giannasi, que lidera o movimento pelo fim do amianto no Brasil, o filme foi o grande vencedor entre outros 835, de 42 países participantes. –Foi lindo e emocionante ver nossos amigos e vítimas do amianto que já se foram e que deixaram gravado seus testemunhos para a posteridade para a continuidade de suas lutas, interrompidas cruelmente pelas doenças incuráveis do amianto.
(Fonte: Diário da Manhã/Goiânia)