Greenpeace: Operação da PF expõe fragilidade dos órgãos ambientais na Amazônia
2005-06-03
O coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario, disse nesta quinta-feira que a Operação Curupira da Polícia Federal, que prendeu dezenas de funcionários públicos e madeireiros no Mato Grosso, expõe a fragilidade dos órgãos de fiscalização ambiental na Amazônia e mostra que a limpeza nos quadros das instituições públicas responsáveis por questões ambientais e sociais na Amazônia é essencial para garantir governança à região.
- A corrupção envolvendo madeireiros e funcionários públicos no Mato Grosso não é um caso isolado. A Polícia Federal e o Ibama devem estender esse tipo de investigação para outros estados, onde o desmatamento e a exploração madeireira ilegal também ocorrem impunemente, principalmente o Pará e Rondônia - afirma o coordenador.
Levantamento feito pelo Greenpeace junto a órgãos de governo demonstra que mais de 72% da madeira explorada atualmente na região amazônica tem origem ilegal. Além disso, 74% do desmatamento de 2004 se deram de forma ilegal, sem autorização. No dia 18 de maio, o governo divulgou que o desmatamento na Amazônia ocorrido entre agosto de 2003 e agosto de 2004 foi de 26.130 quilômetros quadrados, o segundo maior já registrado. O estado de Mato Grosso lidera as estatísticas, com 48,1% do total.
Entre os presos na operação Curupira está o funcionário do Ibama Randolf Zachow, denunciado pelo Greenpeace em 2001 por tentar liberar, sem conhecimento de seus superiores, mogno brasileiro ilegal apreendido nos Estados Unidos. Na ocasião, Zachow enviou carta para o governo dos EUA autorizando a liberação da madeira retida em portos americanos. O Greenpeace obteve cópia da carta e denunciou o caso às autoridades dos dois países, impedindo a liberação do mogno. (O Globo, 02/06)