MAB reforça acampamento e permanece no BID
2005-06-03
Mais de 100 agricultores chegaram ontem (02/06) para reforçar o acampamento montado no pátio da sede brasileira do BID, em Brasília, desde o último dia 31. Esses camponeses se somam aos outros 300 que reivindicam do Banco, financiador da UHE de Cana Brava, intervenção para a solução dos problemas causados à população com a construção da barragem.
A responsabilidade, dizem os agricultores, também é da Tractebel, responsável pela barragem, e do governo federal. — Nós exigimos a imediata solução dos problemas que estamos sofrendo. Temos casos de comunidades isoladas pelo lago da barragem e de inúmeras crianças sem poder ir à escola - denuncia o coordenador do MAB na região, Agenor da Costa.
Frente ao impasse nas negociações com o BID, em assembléia, os atingidos decidiram que permanecerão no local por tempo indeterminado até que alguns passos concretos sejam dados. — Nós não passaremos mais fome calados na barranca dos rios e cada vez mais nosso espaço será a rua para denunciarmos as injustiças que as empresas nos causam - finaliza o coordenador. O acampamento em Cana Brava, norte de Goiás, tem mais de 200 famílias mobilizadas desde o dia 23 de maio.
O MAB está tendo apoio de várias entidades que se solidarizam à problemática dos atingidos. Na tarde de ontem estiveram no acampamento Flávio Valente, relator nacional para os Direitos Humanos à Alimentação Adequada, Água e Terra Rural, da Plataforma DHESC Brasil, deputados e representantes da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal que manifestaram sua solidariedade. Valente, afirmou que ao longo do tempo vários documentos demonstraram as irregularidades das empresas e que o governo federal também é responsável: — Vocês têm plena razão de que as empresas têm uma série de irregularidades no processo de construção das barragens, e o governo é parte disso, pois é o responsável pela liberação dos licenciamentos ambientais - conclui o relator.
Os atingidos pela barragem de Serra da Mesa acampados no pátio do BID aguardam ansiosos por soluções. Patrícia José dos Santos, coordenadora do MAB em Serra da Mesa, diz que na região eles vivem os mesmos problemas que os atingidos pela Cana Brava e por isso estão nessa luta:
— Não recuaremos nem um passo - afirma. Esta barragem é de responsabilidade da estatal Furnas Centrais Elétricas e do Grupo VBC (Votorantin, Camargo Corrêa e Bradesco). (Com informações do MAB)