ONG portuguesa exige medidas para reduzir dependência de gás e petróleo
2005-06-03
A associação ambientalista portuguesa Quercus alertou, na última terça-feira (31/5), para a necessidade de adoptar medidas que permitam parar o aumento galopante do consumo energético e reduzir a dependência de Portugal face aos combustíveis fósseis como o petróleo e o gás natural.
A Quercus analisou o programa do anterior governo para reduzir a dependência de Portugal face ao petróleo e concluiu que, das 96 medidas anunciadas, apenas 20 contribuiriam significativamente para a resolução dos problemas.
Os ambientalistas consideraram o programa incompleto e referem que as medidas estão mencionadas de uma forma muito geral, sem nenhuma hierarquização, sem referência a quem é responsável por as pôr em prática, nem de que forma, nem quando.
Por isso, concluem, a principal meta do programa – diminuir a intensidade energética e reduzir a dependência do petróleo em 20 por cento até 2010 – dificilmente será alcançada, visto que nos setores dos transportes e dos edifícios, onde se verificam as maiores taxas de crescimento energético, pouco ou nada tem sido feito para reduzir o consumo.
A ONG defende igualmente que deve ser dada prioridade às fontes de energia renováveis para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis já que, em 2004, Portugal reduziu a sua dependência do petróleo de 59,3% 58%, aumentando o consumo do gás natural em 25%. –Isto quer dizer que o consumo de gás natural tem tendência a aumentar nos próximos anos e, sendo este um combustível fóssil, a situação de dependência de energia relativa às importações não vai ser diferente do panorama atual, salientam representantes da associação.
Entre as medidas que a Quercus entende serem importantes para atenuar esta situação e que não constam no programa anteriormente citado, contam-se: revisão do imposto automóvel para penalizar os veículos mais poluentes, introdução de uma taxa de carbono para combustíveis rodoviários e indústrias não abrangidas no Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão e aposta no setor solar fotovoltaico, estimulando a aquisição de painéis solares.
Portugal tem capacidade para produzir apenas 14% da energia de que necessita e é o país com maior intensidade energética nos Quinze da União Europeia, sendo o que incorpora maior consumo de energia final para produzir uma unidade de produto interno (PIB). (Ecosfera, 31/5)