Cobrança de royalties da Monsanto muda em julho na agricultura
2005-06-02
A Monsanto do Brasil vai mudar a metodologia de cobrança de royalties no Brasil a partir de julho. Atualmente, o valor cobrado é sobre a produção, e ele passará a ser embutido no preço das sementes transgênicas. No momento, o que os produtores pagam é, na verdade, uma indenização pelo uso indevido das sementes geneticamente modificada, já que as primeiras plantações foram instaladas a partir do produto contrabandeado da Argentina. Com a mudança, os produtores passarão a pagar os royalties propriamente ditos.
De acordo com o presidente da Monsanto do Brasil, Richard Greubel, apesar da proximidade do início da comercialização de sementes para a próxima safra estar próximo, a Monsanto ainda está estudando como vai fazer a cobrança dos royalties na hora da compra. Este ano, os produtores estão pagando para a empresa 1% sobre o valor recebido pela venda dos grãos. - O valor foi acertado depois de negociações com os produtores, que tiveram grande dificuldade na safra por causa da seca - afirma Greubel, que foi o palestrante de ontem do Tá na Mesa, promovido pela Federação das Associações Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul).
De acordo com Antônio Sartori, diretor da Brasoja, a proposta inicial da Monsanto era cobrar de 2% a 3% de royalties sobre a comercialização. No ano passado, os produtores pagaram R$ 0,60 por saca de 60 quilos vendida. Nesta safra, o Rio Grande do Sul deve pagar mais de US$ 3,5 milhões de royalties pela soja transgênica. Greubel diz que a utilização de sementes transgênicas deve aumentar nos próximos anos. A empresa já entrou com pedidos junto à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para a liberação do algodão Roundup Ready (RR) e do milho RR (resistentes ao glifosato), além do milho Bt (resistente a insetos). O dirigente conta que a Monsanto também está estudando quatro novos lançamentos que devem entrar no mercado nos próximos anos.
Uma das novidades é a semente com tolerância à seca. Já estão sendo feitos estudos há três anos com milho, soja e canola desta variedade. O projeto está entrando na terceira fase, de cinco que compõem o desenvolvimento de uma inovação. - Até o final da década estaremos comercializando estas sementes - relata Greubel. O segundo produto é a soja RR resistente a insetos. - É similar ao milho que já vendemos em diversos países - salienta o dirigente. O produto é especialmente direcionado à América do Sul, que sofre com o problema da lagarta da soja.
A Monsanto também está desenvolvendo sementes de soja e canola com alto conteúdo de Ômega 3, que previne doenças cardiovasculares, e resistentes à ferrugem. Os novos produtos estarão no mercado em dez anos. O custo fica entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões. (JC, 02/06)