Deputado critica a CST por poluição, mas elogia Aracruz
2005-06-02
A Assembléia Legislativa do Espírito Santo continua mostrando seu lado cômico. Depois de várias semanas sem aprovar projetos consistentes, limitando-se a aprovar mensagens do Executivo, a Casa começou a semana com um discurso do deputado Euclério Sampaio (PMN) de crítica à poluição causada pela CST e de elogio à Aracruz Celulose.
O deputado criticou indiretamente a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) pela contaminação por benzeno de seus empregados e o constante prejuízo à população por seus gases poluentes, mas sem mencionar a empresa. Disse apenas que é muito pior do que o que a Aracruz Celulose faz. Mas ninguém entendeu se ele também criticava a Aracruz - empresa que recebeu dele mesmo largos elogios na semana passada, apoiados por outros, da deputada Fátima Couzi (PRTB).
O PT já tem uma resposta na ponta de língua para esses discursos que envolvem as grandes empresas: que estas são conhecidas financiadoras de campanhas eleitorais. O deputado Cláudio Vereza (PT) afirmou que a Aracruz, se quiser seus selos verde e social de qualidade, tem que se acertar primeiro com o povo capixaba, depois de ter se apossado de centenas de propriedades que eram produtivas para a agricultura familiar.
Vereza fez o discurso - na sessão da segunda-feira (30/05) - depois que o seu partido e a deputada Sueli Vidigal (PDT) votaram contra o requerimento (1064/2005) de autoria de Euclério Sampaio, de voto de congratulações com a Aracruz - pela apresentação do seu Relatório Anual de 2004, apesar de ser famosa também pelos altos índices de degradação ambiental que provoca.
Para tornar as cenas ainda mais estranhas, o PT resolveu democraticamente se candidatar à vaga deixada por Luzia Toledo (PP) na Corregedoria Geral da Casa, sabendo que sua eleição seria quase impossível - principalmente se analisado o concorrente de Brice Bragato (PT), o deputado Heraldo Musso (PP), governista por convicção.
Os deputados também são ausentes do plenário. Precisam de verificação de quórum várias vezes e de um longo toque de campainha. Talvez por isso foi aprovado na Ordem do Dia um projeto quase que completamente truncado da deputada Janete de Sá (PSB).
Não tendo passado pela Comissão de Finanças, foi prejudicado na sua parte substitutiva, ou seja, praticamente em todo o texto. O projeto aprova o Código Estadual de Proteção aos Animais, mas revela uma série de implicações culturais, políticas e econômicas - fatores que parece que passaram pelos deputados sem o menor constrangimento.
Mas quem freqüenta a Assembléia pode assistir também a certas cenas de suspense. Fátima Couzi, depois de desolada com a vingança dos colegas para isolá-la na Casa, disse que na sessão desta terça-feira (31/05) poderá soltar algumas informações bombásticas. Disse estar terminando um estudo profundo e criterioso sobre a AL.
(Século Diário, 1/6)